Trouxeram-lhe, então, um paralítico…
Para um homem cujas forças interiores estão enfraquecidas para fazer todo e qualquer bem, não poderíamos levantá-lo como o paralítico do evangelho e abrir o teto das Escrituras para colocá-lo aos pés do Senhor?
Vede bem, um homem assim é um paralítico espiritual. E eu vejo esse teto (as Escrituras) e sei que Cristo está escondido sob esse teto. Farei, portanto, dentro das minhas possibilidades, o mesmo que os homens do evangelho fizeram e que o Senhor aprovou: abro o telhado da casa e faço descer o paralítico até os pés do Senhor. Ele mesmo diz ao enfermo: “Meu filho, sê corajoso, teus pecados são perdoados”.
Jesus cura esse homem de sua paralisia interior, perdoa seus pecados e o confirma em sua fé. Mas havia pessoas lá que não podiam ver a cura da paralisia interior. Eles acusaram de blasfêmia ao médico que havia efetuado a cura. “Quem é esse, quem diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão somente Deus?”. Mas como esse médico era Deus, ele conhecia os pensamentos dos homens. Eles acreditavam que Deus tinha esse poder, mas não viram Deus presente diante deles. Então, esse médico também atua no corpo do paralítico para curar a paralisia interior daqueles que só entendiam essa linguagem exterior.
Ele fez algo que eles podiam ver para que eles também pudessem crer. Coragem, pois, tu também tens um coração fraco, tu que estás doente a ponto de seres incapaz de fazer o bem diante do que acontece no mundo! Coragem, tu que estás paralisado interiormente! Juntos, abramos o teto das Escrituras para descer e nos colocarmos aos pés do Senhor.
Santo Agostinho
Homilia sobre o Salmo 36
Bispo de Hipona, é doutor da Igreja (354-430).
Fonte: Aleteia