Hoje, nas leituras, há uma mensagem que definiria única. Na primeira há a Palavra do Senhor que diz: «Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo» (Lv 19, 2). Deus Pai diz-nos isto. E o Evangelho termina com aquela Palavra de Jesus: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 48). A mesma coisa. Este é o programa de vida. Sede santos, porque Ele é santo; sede perfeitos, porque Ele é perfeito. E vós podeis perguntar-me: “Mas, Padre, como é o caminho rumo à santidade, qual é o percurso para nos tornarmos santos?”. Jesus explica bem isto no Evangelho: explica-o com coisas concretas.

 

 

Antes de tudo: «Foi dito: “olho por olho, dente por dente”. Mas eu digo-vos para não vos opordes ao malvado» (Mt 5, 38-39), ou seja, nenhuma vingança. Se no coração tenho rancor por alguma coisa que alguém me fez e me quero vingar, isto afasta-me do caminho rumo à santidade. Nenhuma vingança. “Fizeste isto, vais pagar!”. Um comportamento assim é cristão? Não. “Vais pagar” não faz parte da linguagem de um cristão. Nenhuma vingança. Nenhum rancor. “Mas aquele torna a minha vida impossível!…”. “Aquela vizinha fala mal de mim todos os dias! Também eu falarei mal dela…”. Não. O que diz o Senhor? “Reza por ela” — “Mas devo rezar por ela?” — “Sim, reza por ela”. É o caminho do perdão, do esquecimento das ofensas. Dão-te uma bofetada na face direita? Apresenta-lhe a outra. O mal vence-se com o bem, o pecado é vencido com esta generosidade, com esta força. O rancor é mau. Todos sabemos que não é uma coisa pequena. As grandes guerras — vemos nos telejornais, nos jornais, este massacre de pessoas, de crianças… quanto ódio, mas é o mesmo ódio — é o mesmo! — que tu tens no teu coração por alguém, por este ou por aquele teu parente ou pela tua sogra ou por outra pessoa, o mesmo. Ele é aumentado, mas é o mesmo. O rancor, a vontade de me vingar: “Vais pagar!”, isto não é cristão.

 

 

“Sede santos como Deus é santo”; sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai”, «o qual faz que o sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos» (Mt 5, 45). É bom. Deus concede os seus bens a todos. “Mas se alguém fala mal de mim, se me fez uma grande ofensa, se aquele me…”. Perdoar. No meu coração. Eis o caminho da santidade; e isto afasta as guerras. Se todos os homens e mulheres do mundo aprendessem isto, não haveria guerras, elas não existiriam. A guerra começa assim, na amargura, no rancor, na vontade de vingança. Mas isto destrói famílias, destrói amizades, destrói bairros, destrói tanto, tanto… “E, Padre, que devo fazer quando sinto isto?”. É Jesus quem o diz e não eu: «Amai os vossos inimigos» (Mt 5, 44). “Eu tenho que amar aquele?” — Sim — “Não posso” — Reza para que possas. «Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem» (Ibid.). “Rezar por aquele que é malvado comigo?” — Sim, para que mude de vida, para que o Senhor o perdoe. Esta é a magnanimidade de Deus, o Deus magnânimo, o Deus de coração grande, que tudo perdoa, que é misericordioso. “É verdade, Padre, Deus é misericordioso”. E tu? És misericordioso, és misericordiosa, com as pessoas que foram malvadas contigo? Ou que não gostam de ti? Se Ele é misericordioso, se Ele é santo, se Ele é perfeito, nós devemos ser misericordiosos, santos e perfeitos como Ele.

 

 

Esta é a santidade. Um homem e uma mulher que fazem isto, merecem ser canonizados: tornam-se santos. É tão simples a vida cristã. Eu sugiro-vos que comeceis com pouco. Todos temos inimigos; todos sabemos que aquele ou aquela fala mal de mim, todos o sabemos. E todos sabemos que este ou aquele me odeia. Todos sabemos. E comecemos do pouco. “Eu sei que este me caluniou, disse coisas más de mim”. Sugiro-vos: refleti um minuto, dirigi-vos a Deus Pai: “Aquele ou aquela é teu filho, tua filha: muda o seu coração. Abençoa-o, abençoa-a”. A isto se chama rezar por aqueles que não nos amam, pelos inimigos. Pode ser feito com simplicidade. Talvez permaneça o rancor; talvez o rancor permaneça em nós, mas nós estamos a fazer o esforço para seguir o caminho deste Deus que é tão bom, misericordioso, santo e perfeito, que faz surgir o sol sobre maus e bons: é para todos, é bom com todos. Devemos ser bons com todos. E rezar por aqueles que não são bons, por todos.

 

 

Rezamos por quantos matam as crianças na guerra? É difícil, é muito distante, mas temos que aprender a fazê-lo. Para que se convertam. Rezamos por aquelas pessoas que estão mais próximas de nós e que nos odeiam ou nos fazem mal? “Eh, Padre, é difícil! Gostaria de lhes apertar o pescoço!” — Reza. Reza para que o Senhor mude a sua vida. A oração é um antídoto contra o ódio, contra as guerras, estas guerras que começam em casa, que começam no bairro, que começam nas famílias… Pensai apenas nas guerras familiares devido à herança: quantas famílias se destroem, se odeiam devido à herança. Rezai para que haja paz. E se sei que alguém me deseja mal, que não gosta de mim, devo rezar por essa pessoa de maneira especial. A oração é poderosa, a oração vence o mal, a oração traz a paz.

 

 

O Evangelho, a Palavra de Deus hoje é simples. Dou-vos este conselho: «Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo». E depois: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus». E para isto, pedi a graça de não guardar rancor, a graça de rezar pelos inimigos, pelas pessoas que não gostam de nós, a graça da paz.

 

 

Peço-vos, por favor, que façais esta experiência: todos os dias uma oração: “Ah, este não gosta de mim, mas, Senhor, peço-te…”. Um por dia. Assim se vence, deste modo iremos por este caminho da santidade e da perfeição. Assim seja.