
A católica Polônia sempre foi fecunda em filhos que escalaram a mais eminente santidade. Próximo do tristemente célebre campo de Ausckwitz, onde foram imoladas na última Guerra Mundial mais de cinco milhões de pessoas pelos nazis, aí nasceu o nosso futuro santo. A sua cidade da qual tomaria o nome chamava-se Konty. Quando o nosso protagonista nasceu pertencia à Silésia, mas quando morreu, já fazia parte da Polônia. A pobre Polônia coube-lhe em sorte ser partilhada por uns e outros. Como não tem fronteiras naturais, parece que todos se julgam com o direito de se apropriar de alguma fatia.
João nasceu em 1390, numa família profundamente cristã e recebeu no seio familiar uma séria formação no amor a Jesus Cristo, à Virgem Maria e à Igreja. Seus pais inculcaram-lhe, desde criança, sobretudo o exercício da virtude da caridade. Nela se distinguirá de modo admirável o nosso santo ao longo de toda a vida.
Cracóvia era o centro de comércio de quase toda a Europa. Aí se dirigiam todos os mais famosos comerciantes de diversas nações europeias, para se abastecer de tudo o que era necessário para a atividade comercial. Também nesse tempo florescia a Universidade que Casimiro o Grande tinha fundado em 1364 e agora gozava de grande prestígio. A sua Faculdade de Teologia era uma das mais famosas, a que acorriam quantos desejavam conhecer a fundo as verdades da fé cristã. Por outro lado, havia que estar preparados para defender a Igreja e a fé dos erros hussitas que então se espalhavam por diversos países da Europa.
João chega à universidade na plenitude da sua idade e entrega-se inteiramente ao estudo e à prática das virtudes cristãs. Em breve chamará a atenção aquele camponês que goza duma inteligência invulgar e de uma argumentação esmagadora. A sua memória ajuda-o a decorar textos longuíssimos e contundentes que convencem e admiram.
Em 1417, obteve o doutoramento em Filosofia e, pouco depois, em Teologia. Tinha uma dedicação total ao estudo, pelo que, pouco tempo depois, o encarregaram da cátedra de Teologia na mesma universidade onde até há pouco fora brilhante aluno. As suas aulas estavam sempre repletas de ouvintes. Todos se admiravam com a ciência e a virtude que brotavam daquele homem que reunia em si todas as qualidades para se fazer ouvir frutuosamente e sem cansaço. Para pagar de alguma forma os seus trabalhos, fizeram dele cônego. Era o primeiro a chegar ao coro para a recitação dos Ofícios, e era igualmente o primeiro a dar a esmola que lhe davam ao primeiro pobre que encontrasse na rua.
Contam-se fatos prodigiosos da sua grande caridade. Eis uma simples amostra: estava ele no refeitório comum no Colégio Mor quando aparece um pobre à porta. Pega no prato e entrega-o ao pobre. Volta para o seu lugar e encontra-o intacto. Tinha sido Jesus Cristo quem se transforrmara no pobre. Outro dia, é assaltado e roubado por ladrões no caminho. Dá-lhes tudo o que tem. Mas quando já se iam embora, recorda-se que ainda tinha uns soldos atados no hábito. Chama-os, dá-lhos e eles, envergonhados, devolvem tudo o que tinham roubado.
Enquanto foi pároco da paróquia universitária, sofreu muito por ver as necessidades de tantos pobres. Entregava-lhes tudo: roupa, comida, enxoval. Não ficava nada para ele. O mártir do amor à juventude, à sua pátria, a Jesus, a Maria, à Igreja, mas sobretudo aos pobres, chegava ao fim. Era o dia 24 de Dezembro de 1473, vigília do maior dia da caridade: o nascimento de Jesus para salvar a humanidade.
Oração a São João Câncio
Senhor, pelos méritos de São João Câncio, eu vos peço o mais precioso dos dons, o da caridade. Fazei-me amável, tolerante, solícito, gentil e que todas as minhas atividades sejam baseadas no amor que Cristo nos ensinou. Amém. São João Câncio, rogai por nós.

