Sábado e Domingo

1. A Igreja Católica modificou os dez mandamentos, mudando o sábado para o domingo?

De fato, em Êxodo 20,8 está escrito: “Lembra-te de santificar o dia de sábado”. Temos de entender o sentido dado por Deus para a guarda do sábado A.T. Em Deuteronômio 5,15 está explicado: “Lembra-te de que foste escravo no Egito, donde a mão forte e o braço poderoso do teu Senhor te tirou. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou observasses o dia de sábado”. Vemos portanto, que o sábado foi dado por Deus, aos israelitas, para lembrarem de que haviam sido libertados da escravidão do Egito. Era um dia santificado, para meditar sobre estes feitos do passado, quando Deus fez uma aliança com o Seu povo no deserto.

 

2. Esta observância do sábado passou para os cristãos?

Até a sua Ressurreição, Jesus e os seus discípulos observaram o sábado e as festas judaicas. Porém, com a Sua Morte e Ressurreição, tudo mudou. Col 2,16-17: “Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécie de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo”. Em outras palavras, por causa da vida, morte e ressurreição de Jesus, as festas do A.T. já estão cumpridas, e continuar observando-as significa ainda estar na Antiga Aliança, como se Cristo não tivesse vindo.

Portanto, o que vemos no Novo Testamento é que todos os Mandamentos são mantidos, menos o que diz respeito ao sábado.

Mais de cem referências são feitas a nove dos Mandamentos, e nenhuma sobre o sábado. É preciso entender que o sábado, como dia santificado, foi um sinal entre Israel e Deus. Foi uma obrigação restrita aos judeus.

 

Domingo e Sábado

1. Por que guardamos o domingo?

O primeiro grande motivo é porque neste dia Jesus ressuscitou. Mc 16,9: “Tendo Jesus ressuscitado de manhã, no primeiro dia semana…”.

Quando examinamos todos os outros textos dos evangelhos que falam das aparições de Jesus ressuscitado, vemos que Ele só apareceu aos domingos. Por exemplo: Jo 20,19: “Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles”. Foi nesta ocasião que Tomé estava ausente e duvidou que Jesus tivesse aparecido. O mesmo evangelho de São João nos diz: Jo 20,26: “Oito dias depois estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles”.

O ponto central de toda a fé cristã é a ressurreição de Jesus, portanto, não é por acaso que o domingo passou a ser o dia santificado. O domingo é o sinal da NOVA ALIANÇA, realizada por Deus de uma vez por todas.

 

2. Além da realidade da ressurreição, existe algum outro acontecimento importante, que reforce o domingo, como o dia do Senhor?

A vinda do Espírito Santo, em Pentecostes (50º dia após a Páscoa, era o domingo, cf. Atos 2,1ss).

Neste dia foi inaugurada a Igreja para o mundo. Portanto, fica claro que é um dia confirmado por Deus, dia da Igreja.

 

3. Existem textos bíblicos que nos mostram como eram as reuniões dos primeiros cristãos?

Sim. Por exemplo em Atos 20,7: “No primeiro dia da semana estando nós reunidos para partir o pão…” (partir o pão é um dos nomes dados à Ceia do Senhor). 1Cor 16,2: “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha à parte o que tiver podido poupar, para que não esperem a minha chegada, para fazer as coletas”.

 

4. Existe algum outro meio para provar que os primeiros cristãos guardavam o domingo?

Sim. Os escritos de Santo Inácio de Antioquia, Bispo de Antioquia, que escreveu por volta do ano 100, portanto bem próximo do início da Igreja.

Carta aos Magnésios Cap. 9,1: “Assim os que andarem na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o DIA DO SENHOR”.

Primeiro citamos este texto para perceber que o DIA DO SENHOR não era o sábado. Um dos primeiros resumos da doutrina Cristã, chamado Didaqué (doutrina dos doze apóstolos), que é anterior ao próprio escrito de Sto. Inácio (portanto mais antigo), afirma: “Reunidos no DIA DO SENHOR, parti o pão e dai graças, depois de terdes confessado os vossos pecados, a fim de que o vosso sacrifício seja puro”.

 

Autor: Pe. Alberto Gambarini