“Comunicar, na profissão que vocês exercem, significa, em última análise, transmitir os significados muitas vezes ocultos dos fatos, e não tanto as suas próprias idéias”. Isto foi sublinhado nesta segunda-feira (20/12), durante a missa de Natal celebrada para os funcionários do Dicastério da Comunicação, pelo Cardeal Mauro Gambetti, Vigário Geral do Papa para a Cidade do Vaticano e membro do mesmo Dicastério. Em sua homilia na Basílica Vaticana, o cardeal partindo das Leituras do Dia e da Anunciação narrada pelo Evangelho de Lucas propôs uma reflexão sobre as diferentes formas de abordar o Natal. Pode ser uma festa de luzes, presentes, almoços e jantares, ou “um encontro para renovar os laços mais queridos, para redescobrir sentimentos de proximidade e ternura em nome de um Menino que é a figura da vida que nasce em todo lugar, em todo o tempo”, ou ainda “pode ser o evento capaz de mudar o destino da humanidade, da história pessoal de qualquer um que encontre o mistério da vida sempre nascida de Deus que se revela no Menino Jesus, como na Eucaristia”.
Ser mediadores
Mas para que o Natal seja compreendido sob esta luz para que não se limite simplesmente à festa ou aos bons sentimentos, acrescentou o Cardeal Gambetti, é preciso uma mediação, é preciso ser mediadores – como o foram Maria, José, os anjos, os pastores e a estrela – e ter feito sua a mensagem, o significado que o evento contém: “Para narrar os fatos”, disse, “para narrar o Natal, é preciso ter conhecido o Natal, ou seja, tê-lo conhecido no sentido bíblico, ter tido uma experiência íntima e uma compreensão do evento”.
As três atitudes do bom comunicador
Para o cardeal, há três atitudes que devem ser adotadas para serem bons mediadores, bons comunicadores: “não se colocar como uma espécie de fechamento e de saber tudo diante de situações e fatos”, mas para ser como Maria, “que tem um coração aberto – aberto às surpresas de Deus – fruto de um desejo sempre vivo de conhecer a verdade, um desejo sempre vivo de plenitude, vida e amor”. Como segunda atitude “deixar-se atravessar pelo acontecimento, pela revelação, atravessar-se primeiro nas entranhas, deixar-se perturbar também nas emoções, nos sentimentos, nos afetos” e procurar compreender, buscar o sentido da verdade, colocar em jogo a inteligência da busca. Por fim obedecer à verdade, à palavra acontecimento, colocar-se a serviço de algo, de um fato, de uma revelação, para transmiti-la aos outros. Para ser bons mediadores, bons comunicadores, resume o Cardeal Gambetti, vocês serem como Maria; para viver o Natal na sua plenitude, para contar sobre ele, na vida, em casa, na família, através da mídia, vocês precisam “ser Maria”.
No final da celebração, o cardeal expressou seu apreço pelo trabalho do Dicastério para a Comunicação realizado “com sabedoria e o correto entusiasmo” e quis, com sua bênção, expressar sua própria gratidão, a da Igreja e do Papa Francisco, pelo que foi feito por todos os funcionários.