São João Clímaco viveu na segunda metade do século VI e primeira do VII. O monge Daniel conta-nos que João era um jovem de Antioquia com perspectivas de grande futuro. Parece que chegou a ser advogado em Antioquia, pelo que lhe ficou o cognome de O Escolástico. Mas certo dia renunciou a tudo, subiu como Moisés e Elias ao cume do Sinal, e entrou na nuvem das divinas comunicações, que logo transmitiria em belo livro, e aí permaneceu.
O bíblico Sinal estava cheio de mosteiros e de grutas, habitadas por monges, que se regiam pela Regra de São Basílio e pela legislação de Justiniano. Assim o contemplou Etéria, a nossa monja peregrina. Ainda resta o mosteiro dos Quarenta Máhkes e o de Santa Catarina, com a sua famosa biblioteca, onde foi descoberto o Códice Sinaítico do século IV.
João passou três anos de noviciado com o santo monge Martírio. Tendo falecido o seu mestre, foi viver para o extremo do monte, numa pequena cela, como um anacoreta.
Aí passou quarenta anos, entregue ao estudo e ao trabalho, silêncio e solidão, em largas orações e pouco sono, parco em comida e prolongadas vigílias, como um serafim, embebido nos louvores divinos.
O seu desejo era viver completamente isolado. "Oh beata solitudo, sola solitudo!" (Ó feliz solidão, só solidão!) Mas logo correu a fama das suas virtudes e da sua sabedoria e muitos acudiam a pedir-lhe conselho. João atendia-os, compreendendo que não se deve "ocultar a luz debaixo do alqueire". O demônio tentou-o fortemente - fá-lo em especial com os anacoretas - mas o Senhor ajudou-o.
Quando morreu o abade do Monte Sinai, os monges conhecedores da virtude e discrição do anacoreta, rogaram-lhe que aceitasse suceder-lhe. João opunha-se. Mas foi tal a insistência que, por fim, aceitou. E acertaram, pois o novo abade foi sempre um exemplo para todos e agiu sempre com sabedoria.
São João Clímaco é o mais popular dos escritores ascéticos daqueles séculos, devido à sua única obra Escada do paraíso. Escada é Climax em grego, e daí derivou o seu apelido de Clímaco. A escada compõe-se de trinta degraus, que são outros tantos capítulos, em que se explicam as virtudes e os vícios dos monges, com aforismos e sentenças.
Serve-se de exemplos práticos. Vendo um cozinheiro muito recolhido, pergunta-lhe o autor como o pode conseguir. O cozinheiro responde: "Quando sirvo os monges, imagino que sirvo o próprio Deus na pessoa dos seus servos, e o fogo da cozinha recorda-me as chamas que abrasarão os pecadores". (Também entre as panelas anda o Senhor, afirma Santa Teresa de ÁviIa. Nos primeiros degraus da Escada, fala da renúncia ao mundo e aos afetos terrenos, da penitência, do pensamento da morte e do dom das lágrimas. Os degraus seguintes falam da doçura, do perdão, da fuga à maledicência, da mentira e da preguiça, do amor ao silêncio, à temperança e à castidade. "A castidade, diz ele, é um dom de Deus, e para o obter convém recorrer a Ele, pois a natureza não se pode vencer só com as nossas forças". Nos últimos degraus fala da pobreza, do sono, do canto dos salmos, da paz, da oração, da humildade. O último degrau do livro é dedicado às virtudes teologais.
O santo abade, tão envolvido nas coisas de Deus, fez edificar uma hospedaria perto do mosteiro, para atender os peregrinos. Inteirado disso, o Papa São Gregório Magno enviou-lhe uma boa quantia de dinheiro para o ajudar na sua construção e manutenção. São João Clímaco, cumprida a sua missão na terra, subiu lesto pela escada das boas obras para o paraíso, no ano de 655.
Oração a São João Climaco
São João Clímaco quantos jovens se sentem chamados a uma vida contemplativa, santa e não tem forças ou oportunidades para se integrar neste mundo de elevação espiritual. Concedei aos vocacionados serem corajosos para assumir o compromisso com Deus e com a Igreja. Só mesmo em um coração puro, sem orgulho, egoísmo, um coração cheio de Deus pode realizar milagres. E se não os realizamos é porque não fomos nem puros, nem santos, segundo a vontade de Deus. Intercedei junto a Deus por mim, por nós, para que desapareçamos para que somente Deus apareça. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.