Dedicação Basílicas São Pedro e São Paulo 2Mc 6,18-31
18Havia um certo homem já de idade avançada e de bela aparência, Eleazar, que se sentava no primeiro lugar entre os doutores da Lei. Queriam coagi-lo a comer carne de porco, abrindo-lhe a boca à força.
19Mas ele, cuspindo e preferindo morrer com honra a viver na infâmia,
20caminhou voluntariamente para o instrumento de tortura, como devem caminhar os que têm a coragem de rejeitar o que não é permitido comer por amor à vida.*
21Os encarregados desse ímpio banquete ritual, já desde muito tempo possuíam relações de amizade com Eleazar. Tomaram-no à parte e rogaram-lhe que fizesse trazer as carnes permitidas, que ele mesmo tivesse preparado, para comê-las como se fossem carnes do sacrifício, conforme tinha ordenado o rei.
22Desse modo, ele seria preservado da morte, e granjearia sua benevolência em vista da velha amizade.
23Mas Eleazar, tomando uma nobre resolução, digna de sua idade, da autoridade que lhe conferia sua velhice, do prestígio que lhe outorgavam seus cabelos brancos, da vida íntegra conservada desde a infância e digna sobretudo das sagradas leis estabelecidas por Deus, preferiu ser conduzido à morte.
24“Não é próprio da nossa idade – respondeu ele – usar de tal fingimento, para não acontecer que muitos jovens suspeitem de que Eleazar, aos noventa anos, tenha passado aos costumes estrangeiros.
25Eles mesmos, após o meu gesto hipócrita, e por um pouco de vida, se deixariam arrastar por causa de mim, e isso seria para a minha velhice a desonra e a vergonha.
26E mesmo se eu me livrasse agora dos castigos dos homens, não poderia escapar, nem vivo nem morto, das mãos do Todo-poderoso.
27Sendo assim, se eu morrer agora, corajosamente, vou mostrar-me digno de minha velhice e terei deixado aos jovens um nobre exemplo de zelo generoso, segundo o qual é preciso dar a vida pelas santas e veneráveis leis.”
28Ditas essas palavras, dirigiu-se diretamente ao suplício.
29Aqueles que o levavam transformaram em dureza a benevolência manifestada pouco antes, julgando insensatas suas palavras.
30E quando ele estava prestes a morrer sob os golpes, exclamou entre suspiros: “O Senhor, que possui a ciência santa, vê perfeitamente que, podendo eu livrar-me da morte, sofro em meu corpo os tormentos cruéis dos açoites, mas os suporto com alma alegre porque é a ele que temo”.
31Dessa maneira passou à outra vida, deixando com sua morte não somente aos jovens, mas também a toda a sua gente, um exemplo de coragem e um memorial de virtude.
Dedicação Basílicas São Pedro e São Paulo Sl 3,2-3.4-5.6-7
Resposta: “É o Senhor quem me sustenta e me protege!”
2Senhor, como são numerosos os meus perseguidores! É uma turba que se dirige contra mim.
3Uma multidão inteira grita a meu respeito: “Não, não há mais salvação para ele em seu Deus!”.
4Mas vós sois, Senhor, para mim um escudo; vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça.*
5Apenas elevei a voz para o Senhor, ele me responde de sua montanha santa.
6Eu, que me tinha deitado e adormecido, levanto-me, porque o Senhor me sustenta.
7Nada temo diante desta multidão de povo, que de todos os lados se dirige contra mim.
Dedicação Basílicas São Pedro e São Paulo Lc 19,1-10
1Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
2Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
3Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.
4Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.
5Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.”
6Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
7Vendo isso, todos murmuravam e diziam: “Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...”.
8Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: “Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo”.
9Disse-lhe Jesus: “Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
10Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Comentário:
Preciso de ficar - Tenho devoção a Zaqueu, o cobrador de impostos, pecador público, que recebeu Jesus em sua casa. Não teria corrido para Jesus, se primeiro Jesus não tivesse corrido para ele. Zaqueu corre para ver, mas Jesus corre para ficar. «Esforçava-se por ver Jesus». Esforçar-se já é graça; naquele esforço já via. A semente da graça germina onde menos se espera. Disfarçados de pecadores, ocultam-se «filhos de Abraão». Entre o pecado e a graça há um secreto convênio, ditado e gerido pelo amor misericordioso.
Não é fácil ver Jesus. Temos de fazer-nos «de pequena estrutura», despojar-nos de orgulhos e injustiças. É preciso isolar-nos da multidão dos nossos apegos desordenados, para subir ao encontro com Cristo. «Tenho de ficar». É o amor que obriga Jesus e não as nossas virtudes ou exigências. Humildade e pobreza são os ingredientes de que Jesus precisa para fazer depois maravilhas. Não há maior maravilha do que fazer-nos Deus morada sua. O amor tem pressas de arder. «Desce depressa»!
Zaqueu deixa-se invadir pelos critérios duma nova justiça. Pobreza é o trajo de cerimônia para receber Jesus. Quando Deus nos entra por uma porta, sai o dinheiro por outra. Não há lugar para dois senhores. Repartir bens, dar-se a si é sinal de que a salvação chegou a esta casa». Quando nos dermos aos outros, conheceremos a alegria de ser dom. Gostava de ser Zaqueu. A sua medida é a generosidade: quatro vezes mais, metade dos bens, tudo. Não se contenta com ser feliz sozinho, mas quer fazer felizes os outros.
Senhor, dá-me um coração disponível, liberto para dar tudo!

