Santos Roque González, Afonso Rodríguez e João de Castillo, presbíteros e mártires 2Mc 7,1.20-31
1Havia também sete irmãos que foram um dia presos com sua mãe, e que o rei, por meio de golpes de azorrague e de nervos de boi, quis coagir a comerem a proibida carne de porco.*
20Particularmente admirável e digna de elogios foi a mãe que viu perecer seus sete filhos no espaço de um só dia e o suportou com heroísmo, porque sua esperança repousava no Senhor.
21Ela exortava a cada um no seu idioma materno e, cheia de nobres sentimentos, com uma coragem varonil, realçava seu temperamento de mulher.
22“Ignoro – dizia-lhes ela – como crescestes em meu seio, porque não fui eu que vos dei o espírito e a vida, não fui eu que ajuntei os vossos membros.
23Mas o Criador do mundo, que formou o homem na sua origem e deu existência a todas as coisas, vos restituirá, em sua misericórdia, tanto o espírito como a vida, se agora fizerdes pouco caso de vós mesmos por amor às suas leis.”
24Receando, todavia, o desprezo e temendo o insulto, Antíoco solicitou em termos insistentes o mais jovem, que ainda restava, prometendo-lhe com juramento torná-lo rico e feliz, se abandonasse as tradições de seus antepassados, tratá-lo como amigo e confiar-lhe cargos.
25Como o jovem não lhe prestava nenhuma atenção, o rei mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse com seus conselhos, para que o adolescente salvasse sua vida.
26Como ele insistiu por muito tempo, ela consentiu em persuadir o filho.
27Inclinou-se sobre ele e, zombando do cruel tirano, disse-lhe na língua materna: “Meu filho, compadece-te de tua mãe, que te trouxe nove meses no seio, que te amamentou durante três anos, que te nutriu, te conduziu e te educou até esta idade.
28Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra. Reflete bem: tudo o que vês, Deus criou do nada, assim como todos os homens.
29Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre no meio deles”.
30Logo que ela acabou de falar, o jovem disse: “Que estais a esperar? Não atenderei às ordens do rei. Obedeço àquele que deu a Lei a nossos pais, por intermédio de Moisés.
31Mas tu, que és o inventor dessa perseguição contra os judeus, não escaparás à mão de Deus.
Santos Roque González, Afonso Rodríguez e João de Castillo, presbíteros e mártires Sl 16,1.5-6.8b.15
Resposta: “Ao despertar me saciará vossa presença, ó Senhor!”
1Ouvi, Senhor, uma causa justa! Atendei a meu clamor! Escutai minha prece, de lábios sem malícia.*
5Meus passos se mantiveram firmes nas vossas sendas, meus pés não titubearam.
6Eu vos invoco, pois me atendereis, Senhor; inclinai vossos ouvidos para mim, escutai minha voz.
8bGuardai-me como a pupila dos olhos, escondei-me à sombra de vossas asas.
15Mas eu, confiado na vossa justiça, contemplarei a vossa face; ao despertar, irei saciar-me com a visão de vosso ser.
Santos Roque González, Afonso Rodríguez e João de Castillo, presbíteros e mártires Lc 19,11-28
11Ouviam-no falar. E, como estava perto de Jerusalém, alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente; ele acrescentou esta parábola:
12“Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar.
13Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar.*
14Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós.
15Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado.
16Veio o primeiro: Senhor, teu dinheiro rendeu 10 vezes mais.
17Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.
18Veio o segundo: Senhor, teu dinheiro rendeu 5 vezes mais.
19Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades.
20Veio também o outro: Senhor, aqui tens teu dinheiro, que guardei embrulhado num lenço;
21pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste.
22Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei...
23Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros.
24E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.
25Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!...
26Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, lhe será dado; mas, ao que não tiver, lhe será tirado até o que tem.
27Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença”.
28Depois dessas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém.
Comentário:
Servo mau – Todos somos negociadores dos dons de Deus. Se é dom tem de ser dado. Na medida em que o dermos será enriquecido. Cada qual vai negociar o dom recebido, para o Senhor poder receber aquilo que lhe pertence. Todos somos iguais e todos diferentes: iguais no amor infinito que Deus nos tem; diferentes, como pessoas, nos dons da natureza e da graça. A diversidade é graça, dom do Espírito Santo, que nos torna únicos e insubstituíveis. Foi o amor que nos fez diferentes. O sinal que nos distingue são as obras.
O Senhor vem ajustar contas, a toda a hora. Por isso, temos de estar vigilantes. A caridade é o grande sinal que nos acredita, o lucro que nos enriquece. As contas de Deus são exame de amor. Tudo o que fizermos é «muito pouco», comparado com o muito que lhe devemos. A grande recompensa será a plenitude do amor, que nos faz senhores da Cidade definitiva. As desigualdades humanas são provisórias, soluções adiadas para o grande Dia, quando o Senhor vier dizer-nos: «Muito bem, excelente servidor»!
«Servo mau e preguiçoso». Teve medo do Senhor e foi enterrar a moeda recebida. Refugiou-se em cálculos e estrita justiça, onde o amor não conta. Foi condenado, não por ter feito algum mal, mas pelo bem que deixou de fazer. O pecado grave que nos condena são as nossas omissões. Com medo de amar, enterramos o amor. Se a moeda se deu àquele que tinha mais, foi por este ter arriscado mais do que os outros. Quem não arrisca nada, arrisca-se a perder tudo. Amar é arriscar; quem não arrisca não ama. «Servo mau»!
Senhor, perdoa as minhas omissões e medos de arriscar!

