«Não é solução», disse a Santa Sé sobre medidas de saúde em contextos de emergência humanitária
O Vaticano manifestou-se em Genebra contra a inclusão de medidas que favoreçam a prática do aborto, no âmbito da ajuda humanitária de emergência das Nações Unidas.
Em causa, segundo um depoimento enviado hoje à Agência ECCLESIA, está uma resolução atualmente a ser trabalhada na sede da ONU, cuja seção sobre apoio de saúde “a mulheres e jovens em idade reprodutiva” abre portas à utilização de meios que “implicam o aborto”, frisa a Santa Sé.
O observador permanente do Vaticano em Genebra deu como exemplo a inclusão no texto de “um Pacote de Serviço Inicial Mínimo”, apoiado pelo Fundo de População das Nações Unidas, e composto por 13 kits, entre os quais “o kit 10”.
“Este integra um extrator a vácuo, que é o método mais comum de induzir o aborto, e que traz também sérios riscos à saúde da mãe”, lembrou D. Ivan Jurkovic.
O arcebispo esloveno reforçou, junto dos responsáveis da ONU e de outras organizações internacionais presentes em Genebra, a posição da Igreja Católica de que a medicina deve estar sempre ao serviço da vida, de todas as vidas.
“Os cuidados de saúde nunca devem pretender – ou trabalhar – contra a vida dos mais indefesos ou dos que estão por nascer. Embora reconheçamos os riscos que mulheres e crianças enfrentam em contextos de emergência humanitária, nós não podemos aceitar uma solução que forneça ou promova o aborto”, acrescentou.
Neste contexto, a delegação da Santa Sé em Genebra quis deixar bem claro o seu “distanciamento dos parágrafos da resolução que apoiam o Pacote de Serviço Inicial Mínimo como uma resposta capaz para o drama que muitas mulheres e crianças enfrentam em cenários que desafiam a ajuda internacional”.
“A Santa Sé não considera o aborto, o acesso ao aborto ou a meios que favoreçam o aborto como parte integrante da saúde sexual e reprodutiva nem dos serviços de saúde sexual e reprodutiva”, disse D. Ivan Jurkovic.
Na sua intervenção, o representante do Vaticano referiu-se ainda à definição de ‘gênero’, que para a Santa Sé “tem o seu fundamento na identidade e diferença sexual biológica”.
Fonte: Agência Ecclesia