A situação tensa entre a Colômbia e a Venezuela também mereceu a atenção do primeiro Pontífice latino-americano, no tradicional encontro dominical na Praça São Pedro. O Papa, em espanhol, lançou um apelo ao entendimento:
“Nestes dias, os Bispos da Venezuela e da Colômbia reuniram-se para examinar juntos a dolorosa situação que se criou na fronteira entre os dois países. Vejo neste encontro um claro sinal de esperança. Convido a todos, em particular os povos venezuelano e colombiano, a rezar para que, com um espírito de solidariedade e fraternidade, possam superar as atuais dificuldades”.
De fato, a Venezuela vem expulsando colombianos que habitam em seu território, sob o pretexto de combater grupos armados e o contrabando. Os episcopados dos dois países estiveram reunidos na quinta-feira para trabalhar em favor da paz e em sinal de solidariedade com os dois países.
Neste contexto, repropomos a entrevista da Rádio Vaticano ao Presidente da Conferência Episcopal Colombiana, Dom Luis Augusto Castro Quiroga:
“Eu penso que mesmo sendo grave e dolorosos o que aconteceu aos colombianos expulsos da Venezuela, o problema do povo venezuelano é mil vezes maior porque é um problema político, social e econômico de intensidade muito forte. Por isto é importantíssimo que possamos ter manifestações de mútua solidariedade, porém também estudar a possibilidade de colaborar pastoralmente naquela região de fronteira onde existem dioceses colombianas e também venezuelanas”.
RV: Na sua opinião, existe o risco de que a atual crise entre Venezuela e Colômbia possa incidir também no processo de paz com as Farc em andamento em Cuba?
“A minha posição é de um enérgico “não” em relacionar o processo de paz de Cuba com isto que aconteceu. São duas coisas diferentes. Se nós começarmos a relacionar uma coisa com a outra, faremos com que isto adquira, num determinado momento, dimensões incontroláveis. Pelo contrário, são duas coisas muito diferentes e devemos respeitar a contribuição da Venezuela ao processo de paz. Não se pode relacionar uma coisa com a outra. Por este motivo eu sou muito enérgico contra aqueles que começam a dizer: “É melhor que a Venezuela não esteja mais na frente do processo de paz”. Isto é uma insensatez”.
RV: Como são acolhidas as palavras da Igreja na Colômbia?
“Certamente, na Colômbia a voz da Igreja é muito ouvida e temos boas relações. Por isto penso que podemos influenciar de alguma maneira em todo este processo”.
Fonte: Rádio Vaticano