“O que explica o êxito dos monges trapistas não só em seus negócios, mas em tudo o que fazem?”, perguntou August Turak em recente discurso à jovens profissionais do Centro de Informação Católica em Washington, EUA.
Quem é Turak? Ele é um profissional conhecido nos meios empresariais dos EUA, tendo trabalhado em empresas de televisão, de software, e outras corporações. É também um reconhecido escritor, colaborador do Wall Street Journal, do New York Times, e da Forbes. Foi vencedor do concurso de ensaio do Templeton Foundation’s Power of Purpose. Além disso, é um assíduo visitante da Abadia Trapense em Mepkin, Carolina do Sul (EUA): ele considera que boa parte do seu êxito deve-se ao convívio com os trapistas, ou “Cistercienses da Estrita Observância”.
Os trapistas são famosos em todo o mundo pelos produtos que fabricam para venda e para seu sustento econômico. Pães, bolos, queijos, cerveja e até caixões, estão na lista dos muitos itens de excelente qualidade que podem ser obtidos nas “lojas” dos mosteiros trapistas, apreciados por muitos.
Primeiro, Turak quis apresentar essa relação entre a vida de piedade, de oração e de trabalho que existe nos mosteiros cirtercienses e que faz parte essencial da espiritualidade beneditina. “Para um monge trapista, oração e trabalho são indistinguíveis”. “Eles estão sempre orando e trabalhando”, e estas duas práticas estão intimamente relacionadas. “A oração é trabalho -é um duro trabalho rezar- e o trabalho é uma oração”. Desta maneira Turak mostrou como o sentido do trabalho nos trapistas é místico: quando eles trabalham não estão simplesmente fabricando um produto, mas estão caminhando por uma via espiritual. Isto traz como consequência que, para os monges o trabalho constitui um serviço e que o trabalho não tenha manchas de egoísmo.
Os monges se concentram não “no fazer o sucesso acontecer, mas como o sucesso acontece”, disse Turak, contrastando esta ideia que inspira muitas empresas comerciais.
A vida espiritual dos monges faz também com que cada um em seu trabalho não esteja pensando como sairá bem o ‘seu’ produto, mas em “construir comunidade”. Cada um pensa no benefício da comunidade e isso faz com que se creia em uma cultura da virtude e do trabalho. “É uma questão de colocar em primeiro lugar os outros”, afirmou, ressaltando que o segredo está no serviço que visa atender as necessidades dos clientes, mais do que o lucro, a promoção e o avanço do benefício de quem produz.
O trabalho para os monges é uma missão
É então o trabalho assumido como uma oferenda à Deus e como serviço aos demais, e enraizado na vida de oração, o que produz o sucesso dos trapistas. Portanto, Turak afirma que o excelente trabalho dos monges é que eles tomem isso como uma “missão”: “Aquilo que você realmente precisa é uma missão”.
No entanto, a transformação para chegar a considerar assim o trabalho, e a paixão e a excelência que daí resulta, é também a consequência de um trabalho árduo. “É fácil de dizer, mas difícil de fazer. Os monges passam toda a sua vida trabalhando nisso”, expressa Turak.
“Os monges não são bem sucedidos, apesar de ter os mais altos padrões éticos, mas precisamente porque os têm”, diz. O escritor afirma que dessa maneira se cumpre o que já proclamavam os antigos gregos: “Cada um é aquilo que de forma repetida faz”, ou seja, com o que fazemos vamos criando hábitos que formam nossa personalidade. E também, “que a excelência não é uma escolha, mas um hábito”.
Fonte: Gaudium Press