A importância que o evangelho destes dias atribui a Judas, é um apelo a que meditemos em tão surpreendente traição.
Quantas vezes ouvimos dizer que Judas fazia parte do drama da paixão como ator da má sorte – era preciso um traidor!
Hipótese horrível, indigna de Deus que ama todos os seus filhos; e Judas é um deles.
Mas, então, o que significará que “o Filho do Homem vai partir como está escrito acerca dele?”.
Significa um plano divino no qual Judas tinha o seu papel determinado?
Deparamo-nos com o difícil problema entre a vontade de Deus e a decisão de um homem, que tem de ser livre, sob pena de deixar de ser homem. Em outras palavras, Judas foi livre dentro da vontade de Deus.
Em Mateus 26,24, Jesus diz: “Ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!”.
Quantos deduzem que estas palavras são a condenação antecipada de Judas. Porém, alguns santos afirmaram que Judas se desejasse poderia voltar atrás na sua intenção. Todavia, seu coração estava tomado pela ânsia de ganhar alguma vantagem, não se importando em trair um amigo íntimo.
A traição de Judas ajuda-nos a meditar sobre os caminhos que levam os homens ao abismo da destruição de suas vidas, sem volta.
Quantos destroem a sua vida na busca desenfreada de dinheiro, sucesso e prazer e quando alcançam tudo isso percebem que não são felizes. E aí afundam no desespero, partem para o suicídio e quantos para os vícios.
O exemplo da traição de Judas coloca diante de nós, a arriscada maravilha que o Criador nos oferece: a liberdade.
Judas fez a escolha errada e foi levado ao desespero. Pedro fez a escolha errada de ter negado Jesus três vezes, mas soube arrepender-se.
A semana santa é a oportunidade para que não sigamos o exemplo de Judas, e vivamos o imenso amor de Deus.
Padre Alberto Gambarini