Uma das mais antigas práticas da distribuição da santa comunhão é aquela onde é recebida nas mãos. No século 4º, São Cirilo de Jerusalém escreveu aos adultos que estavam se preparando para a santa comunhão: “Quando te aproximares para receber o Corpo do Senhor (…) faze de tua mão esquerda como que um trono para tua direita, onde o Rei irá sentar-se…deves cuidar com muito esmero de que não caia nem uma migalha daquilo que é mais precioso do que o ouro e as pedras preciosas.”(Catequese Mistagógica V 21s)”. Vemos o cuidado recomendado para com o Corpo de Cristo. Em muitas igrejas deste tempo, existia um local para os fiéis lavarem as mãos.
Entre os séculos IX e XIII entra o costume de colocá-la na língua. O motivo desta preferência foi duplo: de um lado, evitar ao máximo a perda dos fragmentos eucarísticos, e ao mesmo tempo favorecer o crescimento da devoção à presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento. Associado ao gesto de receber a comunhão na boca, e tendo o propósito de manifestar também uma atitude de adoração, nasce a prática de ajoelhar-se.
A renovação litúrgica, fruto do Concílio Vaticano II (1962/65), introduziu novamente a possibilidade de voltar também a ser dada a comunhão na mão. Em 05/03/1975 a Santa Sé concedeu aos Bispos do Brasil a faculdade de permitirem a Comunhão na mão em suas respectivas dioceses, tendo o cuidado para não se perder a reverência para com o Corpo de Cristo. E aí também se diz: “A nova maneira de comungar não deve ser imposta, mas cada fiel conserve o direito de receber a Comunhão na boca, sempre qu e preferir.” Esta posição de equilíbrio também esta apresentada na Instrução Geral do Missal Romano, onde no n 161: “Se a Comunhão for distribuida unicamente sob a espécie do pão, o sacerdote levanta um pouco a hóstia e, mostrando-a a cada um dos comungantes, diz: O Corpo de Cristo…segurando a bandeja por baixo da boca recebe o sacramento na boca, ou, onde for permitido, na mão como preferir.”
O papa Bento XVI, enquanto ainda cardeal escreveu: “A prática de ajoelhar-se para a santa comunhão tem a seu favor séculos de tradição e é um sinal de adoração particularmente expressivo, de tudo apropriado à luz da verdadeira, real e substancial presença de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as espécies consagradas.” ((Introduzione allo spirito della liturgia, Cinisello Balsamo, San Paolo 2001, p. 86). Esta prática de ajoelhar-se volta em seu pontificado, como mais uma opção para quem comunga.
Qual a melhor atitude? Sem dúvida é aquela que nos leve a receber Jesus com cuidado e amor. Também, nesta hora, é importante não julgar a sua maneira como sendo a melhor. A comunhão deve produzir o efeito de nos tornar um outro Cristo. Não podem existir radicalismos, mas a humildade de seguir as possibilidades permitidas pela Igreja.
Pe. Alberto Gambarini
Momento único.
Como nos ensina o Concílio Vaticano,o melhor é agir de acordo com a realidade local,e exortando
sempre para a “Presença Real de Jesus”.