O Papa Francisco comentou trechos da Carta aos Hebreus, de São Paulo, nessa quinta-feira, 29, em sua homilia proferida na celebração por ele presidida na Capela da Casa Santa Marta.
Francisco afirmou que Jesus é “a via nova e vivente” que devemos seguir, “conforme a Sua vontade”. Para o Papa, não seguem a nova via aberta por Jesus aqueles que se fecham em grupos e desprezam os outros e que Jesus “dá os critérios para não se seguir os modelos equivocados. E um destes modelos errados é privatizar a salvação”:
“É verdade, Jesus salvou a todos nós, mas não de forma genérica, não? Todos, mas cada um individualmente, nome e sobrenome. E esta é a salvação pessoal. Realmente estou salvo, o Senhor me olhou, deu a vida por mim, abriu esta porta, esta nova via para mim, e cada um de nós pode dizer: ‘para mim’. Mas existe o perigo de esquecer que Ele nos salvou individualmente sim, mas como parte de um povo. Em um povo. O Senhor sempre salva no povo. Do momento que chama Abraão, promete a ele de criar um povo. E o Senhor nos salva em um povo. Por isso o autor desta Carta nos diz: ‘Prestemos atenção uns aos outros’. Não existe uma salvação somente para mim. Se eu entendo a salvação assim, erro; pego a estrada errada. A privatização da salvação é uma estrada errada”.
O Santo Padre mostrou como não “privatizar a salvação”: “Quando eu estou numa paróquia, numa comunidade – qualquer que seja – eu estou ali e posso privatizar a salvação e estar ali somente socialmente. Mas para não privatizá-la, devo perguntar a mim mesmo se eu falo, comunico a fé; falo, comunico a esperança; falo, faço e comunico a caridade. Se numa comunidade não se fala, não se encoraja um ao outro, nessas três virtudes, os membros daquela comunidade privatizaram a fé. Cada um busca a sua própria salvação, não a salvação de todos, a salvação do povo. E Jesus salvou cada um, mas num povo, numa Igreja”.
O Papa prosseguiu apontando um conselho prático que São Paulo dá na Carta aos Hebreus: “não desertemos as nossas reuniões, como alguns têm o hábito de fazer”. Isso acontece “quando nós estamos numa reunião – na paróquia, no grupo – e julgamos os outros”, “há uma espécie de desprezo pelos outros. E esta não é a porta, o caminho novo e vivente que o Senhor abriu, inaugurou”:
“Desprezam os outros; abandonam a comunidade inteira; desertam o povo de Deus; privatizaram a salvação: a salvação é para mim e para meu grupinho, mas não para todo o povo de Deus. E este é um erro muito grande. É o que chamamos – e que vemos – ‘as elites eclesiais’. Quando no povo de Deus se criam esses grupinhos, pensam ser bons cristãos, talvez tenham até boa vontade, mas são grupinhos que privatizaram a salvação”.
Francisco concluiu suas palavras pedindo “que o Senhor nos dê a graça de sentir-nos sempre povo de Deus, salvos pessoalmente. Isso é verdade: Ele nos salva com nome e sobrenome, mas salvos num povo, não no grupinho que eu crio para mim”.
Fonte: Gaudium Press