No trecho do Evangelho de Mateus 12,32 lemos: “Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro.” Francisco de Assis Menezes de Aparecida em São Paulo pergunta: O que é pecar contra o Espírito Santo?
Estas palavras de Jesus são de difícil interpretação mesmo, a ponto de Sto. Agostinho afirmar: “Nas Sagradas Escrituras não existe uma questão mais empenhativa e não se encontra alguma mais difícil”.
O nosso ponto de partida é o contexto em que faz Jesus falar do pecado contra o Espírito Santo. Ele havia curado um “possesso cego e mudo” (Mt 12,22ss), suscitando a admiração da multidão. Diante deste milagre, os fariseus sentenciam: “É por Beelzebul, chefe dos demônios, que ele os expulsa.” (Mt 12,24).
Com tais palavras, demonstram não serem capazes de reconhecer a manifestação do poder de Deus em Jesus Cristo. E o mais grave, atribuem o milagre a Satanás. Para desacreditar Jesus, estes homens que tinham a missão de ajudar o povo a se aproximar de Deus, colocam o mal no lugar do bem. Quando a lógica deveria levá-los a crer na presença de Deus, se manifestando naquele que expulsa o mal.
A atitude de Jesus foi a de fazer os seus acusadores perceberem o absurdo de suas palavras: “Se Satanás expele Satanás, está dividido contra si mesmo. Como, pois, subsistirá o seu reino?”(Mt 12,26).
Portanto, Ele não pode estar agindo por ação de Satanás, e sim pela força do Espírito Santo. Neste sentido, o pecado contra o Espírito Santo é praticado por quem intencionalmente se recusa a aceitar a ação de Deus, ou a diminui, reduzindo-a a uma mera ação natural ou do demônio. É o pecado de quem despreza os sinais da manifestação de Deus na história da humanidade. Também é o pecado de quem tem olhos para ver, mas se obstina em não quer ver (Mt 13,15; Is 6,10).
O Catecismo da Igreja (nº 1864) ensina: “A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna.”
Em resumo, a blasfêmia contra o Espírito Santo é fechar-se à infinita misericórdia de Deus, negando-se a se deixar converter a Ele. E Santo Agostinho completa: “…é não querer se arrepender.”
É interessante observar que Jesus não pronuncia nenhuma palavra de castigo, somente se limita em apresentar a consequência das escolhas erradas dos homens. É da responsabilidade da liberdade do homem, de cada um de nós, dar o pequeno passo que consente à misericórdia de Deus, ao seu Espírito, colocar-nos no caminho da salvação.
O discípulo de Jesus é chamado a dar espaço ao Espírito Santo, quem se recusa a acolher a Sua manifestação, blasfema, e assim, condena a si próprio à perdição. É de um coração mau que surgem palavras de maldade e ódio. As palavras revelam a situação do coração. Jesus termina o seu diálogo com os fariseus, dizendo: “Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado.”(Mt 12,36-37)
Pe. Alberto Gambarini