No exercício cotidiano do nosso ministério pastoral, às vezes, ferem nossos ouvidos certas insinuações de algumas pessoas, que mesmo com ardoroso zelo, carecem dos sentidos da discrição e da moderação. Elas não veem, nos tempos modernos, senão prevaricação e ruína. Dizem que a nossa época foi piorando em comparação às passadas. Portam-se como quem nada aprendeu da História, que continua sendo mestra da vida, e como se no tempo dos Concílios Ecumênicos precedentes tudo fosse um triunfo completo da ideia e da vida cristã, e da justa liberdade da Igreja.
Parece-nos justo discordar de tais profetas de calamidades, que anunciam sempre infaustos acontecimentos, como se o fim do mundo estivesse iminente.
No presente momento histórico, a Providência está nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por obra dos homens e o mais das vezes para além do que eles esperam, se dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e inesperados; pois tudo, mesmo as adversidades humanas, a Providência dispõe para o bem maior da Igreja.
São João XXIII
Discurso de Abertura do concílio do Vaticano II, 2-4
261° Papa da Igreja Católica († 1963)
Fonte: Aleteia