O amor de Deus é fiel e não nos abandona nunca, por isto não devemos temer. “Mesmo que por infelicidade nosso pai terreno tenha se esquecido de nós, e ficamos com ressentimento com ele, não nos é negada a experiência fundamental da fé cristã: a de saber que somos filhos muito amados de Deus, e que não há nada na vida que possa apagar o seu amor apaixonado por nós.
Na Audiência Geral desta quarta-feira – realizada simultaneamente na Sala Paulo VI e na Basílica de São Pedro, onde havia recebido previamente uma peregrinação de 2.500 fiéis de Benevento – Francisco deu continuidade a sua série de catequeses sobre o Pai Nosso, recordando que as figuras de nossos pais nos ajudam a entender o mistério da “paternidade de Deus”, mas para isto, devemos sempre “refiná-las”, “purificá-las”, pois assim como nenhum de nós teve pais perfeitos, tampouco nós seremos pais ou pastores perfeitos. E se entra neste mistério da paternidade de Deus através da oração.
Falando aos peregrinos presentes na Sala Paulo VI e na Basílica de São Pedro, o Santo Padre recordou que “vivemos nossas relações de amor sempre sob o signo de nossos limites e também de nosso egoísmo”, motivo pelo qual “são frequentemente poluídas por desejos de posse ou manipulação do outro.
Somos mendigos de amor
“O amor de Deus é o do Pai “que está nos céus”, segundo a expressão que Jesus nos convida a usar: é o amor total que nós, nesta vida, experimentamos apenas de forma imperfeita. Os homens e as mulheres são eternamente mendigos de amor – somos mendigos de amor, temos necessidade de amor – procurando um lugar onde serem finalmente amados, mas não o encontram. Quantas amizades e quantos amores desiludidos existem no nosso mundo, quantos!”
O Papa observa que do “deus grego do amor” – que “é o mais trágico de todos”, pois não fica claro “se ele é um ser angélico ou um demônio” – se pode pensar “na natureza ambivalente do amor humano”, “capaz de florescer e viver forte em um momento do dia e imediatamente após, murchar e morrer”.
Amamos de forma fraca e intermitente
A expressão do Profeta Oseias: “Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa”, ilustra bem a “congênita fraqueza de nosso amor”. “Aqui está o que o nosso amor é muitas vezes: uma promessa que se esforça para permanecer, uma tentativa que logo seca e evapora, um pouco como quando o sol sai de manhã e faz desaparecer o orvalho da noite”:
“Quantas vezes nós, homens, amamos desta maneira tão fraca e intermitente. Todos temos esta experiência. Acabou aquele amor ou ficou muito fraco. Todos nós temos esta experiência. Desejosos de querer bem, nos deparamos com nossos limites, com a pobreza de nossas forças: incapazes de manter uma promessa que nos dias de graça parecia fácil de cumprir. No fundo, até mesmo o apóstolo Pedro teve medo e teve que fugir. O apóstolo Pedro não foi fiel ao amor de Jesus. Tem sempre esta fraqueza que nos faz cair”.
“Somos mendigos que no caminho correm o risco de nunca encontrar completamente o tesouro que buscam desde o primeiro dia de vida: o amor”.
No entanto – chama a atenção o Papa Francisco – “existe um outro amor, aquele do Pai “que está nos céus”. Ninguém deve duvidar de ser destinatário desse amor. Ele nos ama”:
“Ainda que nosso pai e nossa mãe – uma hipótese histórica – não tivessem nos amado, existe um Deus no céu que nos ama como ninguém na terra jamais o fez ou poderia fazê-lo. O amor de Deus é constante, sempre! O profeta Isaías diz: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta de seu filho, não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? Mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca”. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos”. Mesmo que todos os nossos amores terrenos desmoronassem, e não restar nada nas mãos além de pó, existe sempre para todos nós, ardente, o amor único e fiel de Deus”.
Na fome de amor que todos sentimos – disse Francisco – não procuramos algo que não existe: esse é, ao contrário, o convite para conhecer a Deus que é Pai”, como aconteceu com a conversão de Santo Agostinho.
Não estamos sozinhos
A expressão “nos céus” – explicou o Papa – “não quer expressar uma distância, mas uma diferença radical, uma outra dimensão”, mas que está sempre à mão. Basta dizer “Pai Nosso que está nos céus e este amor vem!”.
“Portanto – foi a exortação do Papa ao concluir – não tenha medo! Nenhum de nós está sozinho. E mesmo que por infelicidade teu pai terreno tenha se esquecido de ti, e ficaste ressentido com ele, não te é negada a experiência fundamental da fé cristã: a de saber que tu és filho muito amado de Deus, e que não há nada na vida que possa apagar o seu amor apaixonado por ti”.
Bento XVI
Ao concluir sua saudação aos peregrinos de língua italiana, antes de cantar o Pai Nosso, o Santo Padre recordou que na próxima sexta-feira celebra-se a festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo, e pediu orações pelo seu ministério e pelo Papa emérito Bento XVI: “Rezem por mim e pelo meu ministério, também por Bento XVI, para que confirme sempre e em toda parte os irmãos na fé”.
Fonte: Vatican News.