O Papa recebeu em audiência no final da manhã deste sábado, (16/5), na Sala Paulo VI, no Vaticano numerosos religiosos e religiosas da Diocese de Roma, no âmbito do Ano dedicado à Vida Consagrada. Francisco exaltou a presença feminina na Igreja ao afirmar que “a mulher consagrada é o rosto de Maria e da Mãe Igreja”. A reportagem é de Manuel Tavares.
O Encontro com o Papa foi dividido em duas partes: na primeira, os presentes fizeram uma verdadeira festa, com orações e cantos, que refletem a realidade vivaz da vida consagrada na Cidade Eterna, como também momentos de reflexão sobre a “missão dos consagrados na Igreja”, mediante exibições de grupos, provenientes de diversas partes do mundo.
Encontro com o Papa
A segunda parte foi caracterizada pela presença do Bispo de Roma. Após a saudação do Cardeal Agostino Vallini, Vigário do Papa para a Diocese de Roma, o Santo Padre ouviu depoimentos de alguns participantes, que apresentaram suas experiências pessoais e lhe fizeram perguntas sobre seu estado de vida consagrada.
Testemunho
Uma monja agostiniana, Irmã Fulvia, que representava um dos 28 Mosteiros de clausura da Capital italiana, disse ao Papa que “os mosteiros vivem um delicado equilíbrio entre “escondimento e visibilidade”, clausura e vida diocesana, silêncio, oração e palavra anunciada. E perguntou: “Como um mosteiro pode ser enriquecido por outras formas de vida consagrada, mantendo sua identidade própria?
O Papa lhe respondeu colocando em realce a vida de silêncio e de oração em relação à vida apostólica: uma pessoa consagrada deve fazer tudo com o sorriso nos lábios, acolhendo o irmão que bate à porta das nossas comunidades. “Quem acolhe um deste meus irmãos mais pequeninos, a mim acolhe”! A vida consagrada é uma doação pessoal a Deus e aos irmãos. Cristo é o nosso Esposo e o servimos mediante o nosso carisma religioso”.
Sacerdote da periferia de Roma
Um capelão do Instituto de Menores, de um bairro da periferia de Roma, em Casal del Marmo, que o Santo Padre teve a ocasião de visitar, perguntou a Francisco: “Como os sacerdotes, as religiosas, os movimentos eclesiais podem caminhar juntos em uma realidade diocesana?”
Francisco respondeu que não se pode viver uma vida consagrada sem uma dimensão alegre e festiva. Não se deve ser rígido, com disciplina severa, que também é importante, mas em um coração jamais deve faltar a alegria de servir ao Senhor. Até a própria liturgia eucarística tem sua dimensão de júbilo, em memória da ressurreição do Senhor.
Por outro lado, o Papa recordou que na pastoral “não deve haver concorrência entre paróquias, entre Congregações. Na diocese deve reinar a harmonia e o diálogo, que somente o Pastor local pode proporcionar”.
Padre Caetano, Capuchino, 68 anos
Após apresentar sua experiência pessoal e religiosa, o sacerdote perguntou a Francisco: “Como valorizar a presença feminina, sobretudo de uma consagrada, na Igreja?” e o Papa respondeu:
“A vida consagrada é um dom, um dom de Deus. Vocês falam de profecia. De fato, ela é um dom de profecia. É Deus que está presente. Deus quer estar presente com um dom, um dom gratuito”
Formação
A vocação, frisou o Pontífice, é um dom gratuito, mas nem sempre este dom é apreciado e valorizado na sua identidade e na sua especificidade. Toda pessoa consagrada deve ser acompanhada na sua formação por um diretor espiritual. Mas, a direção espiritual não deve ser feita apenas por sacerdotes. Este carisma pode ser exercido também por leigos, naturalmente formados, ponderados, equilibrados.
Presença feminina na Igreja
Após fazer esta introdução, o Santo Padre entrou no cerne da questão, respondendo ao sacerdote capuchinho, dizendo: “É verdade, a vida consagrada é representada por 80% da presença feminina na Igreja. A mulher consagrada é o rosto de Maria e da Mãe Igreja. Ela oferece um acompanhamento terno e materno sobretudo aos enfermos e mais necessitados da nossa sociedade. O papel da mulher na Igreja representa a profunda expressão do gênio feminino!”
Fonte: Rádio Vaticano