O Papa Francisco recordou sua famosa frase pronunciada pela primeira vez em seu pontificado durante um encontro com os argentinos na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro (Brasil) 2013: “Façam bagunça!”.
Durante o encontro com centenas de milhares de jovens no Paraguai, o Santo Padre reiterou seu pedido e explicou que se deve fazer bem a “bagunça”, ordenadamente e a partir de um conhecimento pessoal de Jesus.
O Pontífice chegou à Costanera, em Assunção, aproximadamente às 17 horas (hora local) em um clima de festa. Foi recebido por um grupo de jovens que levavam uma Cruz peregrina, réplica da cruz usada nas Jornadas Mundiais da Juventude.
Depois de saudar cada um dos jovens, escutou a saudação de Dom Ricardo Valenzuela, Bispo da Villarica e encarregado da pastoral do Paraguai, que disse ao Papa: “Santo Padre, não nos esqueça. Recorde que esta juventude paraguaia e latino-americana o ama com todo o coração”. E os jovens presentes responderam em seguida “Nós te amamos Papa! Te amamos!”.
Logo após a saudação, o Santo Padre escutou os testemunhos de Liz Pretes, uma jovem enfermeira que compartilhou sua experiência de cuidar da sua mãe doente de Alzheimer e o quanto foi difícil sua vida.
Manuel dos Santos Aguilar, um jovem camponês com apenas 18 anos, também compartilhou sua difícil experiência de vida. Narrou sua história e questionou o Papa sobre a necessidade do trabalho e algumas outras dificuldades dos jovens.
Depois da leitura do Evangelho, realizada por um jovem chamado Orlando, ele pediu ao Papa que rezasse para que os jovens vivam uma verdadeira liberdade. O Pontífice disse: “Liz mostra sua vida, a entrega ao serviço de sua mãe. Um nível altíssimo de solidariedade e de amor, um testemunho. Padre, então é possível amar assim? Eis aí alguém que nos ensina amar. No primeiro, o testemunho com liberdade, um coração livre, no segundo, a solidariedade para acompanhar. Solidariedade, é isso que aprendemos através deste segundo testemunho da jovem enfermeira”.
O Papa fez uma pausa durante a sua reflexão e contou: “outro dia, um sacerdote me disse brincando: ‘continue aconselhando os jovens, Papa, que façam bagunça, continue, continue…, mas depois somos nós que arrumamos esta bagunça’. Façam bagunça! Mas também ajudem arrumar e organizar a bagunça que vocês fazem. São necessárias as duas coisas, né?”
“Façam bagunça e depois organizem-nas”, exortou o Santo Padre. “Uma bagunça que nos ajude a ter um coração livre, uma bagunça que nos dê solidariedade, uma bagunça que nos dê esperança, uma bagunça que brote por ter conhecido Jesus e saber que Deus, o qual conheci, é minha fortaleza. Essa é a bagunça que deve ser feita”.
Em seguida, o Pontífice animou os jovens a dar graças a Deus pela oportunidade de estudar, de ter um lar e alimentos; diferente de muitos outros que têm problemas e que não têm uma vida fácil. “Quero que pensem nisso”, disse.
“Se minha vida for relativamente fácil, existem outros jovens que não têm uma vida fácil, inclusive que se desesperam e caem na delinquência, caem no delito e chegam a colaborar com a corrupção. A estes jovens temos que expressar-lhes que estamos perto e queremos ajudar-lhes, viver a solidariedade, com amor, com esperança”.
O Papa Francisco ressaltou ainda: “Tiveram duas frases mencionadas pelos dois jovens que deram seu testemunho: Liz e Manuel, duas frases que são lindas, escutem com atenção. Liz disse ‘comecei a conhecer Jesus’. Conhecer Jesus! Isto significa abrir a porta à esperança. E Manuel disse: ‘conheci Deus, minha fortaleza’. Conhecer Deus é fortaleza, ou seja, conhecer Deus, aproximar-se de Jesus é motivo de esperança e fortaleza. Isto é o que necessitamos dos jovens hoje: jovens com esperança e jovens com fortaleza, não queremos jovens frágeis, jovens que estão ‘aí somente’, não dizem sim nem não, não queremos jovens que se cansem rápido e vivam cansados, com cara de entediados”.
O Santo Padre sublinhou a necessidade de haver jovens que tenham o coração livre, com esperança e fortaleza. “Você tem um coração triste? (Perguntou o Papa). Não! (Responderam os jovens). Esse é o caminho, mas para isso faz falta sacrifício, falta nadar contra corrente”.
Depois de animá-los à lerem as Bem-aventuranças no capítulo cinco do Evangelho de São Mateus, o Papa recordou que “Jesus não diz felizes os ricos, os que acumulam dinheiro, mas felizes os que têm a alma de pobre, os que são capazes de aproximar-se e compreender o que é um pobre. Jesus não diz felizes os que o estão bem, mas diz felizes os que têm capacidade de afligir-se pela dor dos outros”.
“E agora, antes de ir embora lhes peço: Primeiro, que sigam rezando por mim, segundo, que sigam fazendo bagunça, terceiro que ajudem organizar a bagunça que fazem, para que não destruam nada”, afirmou o Santo Padre.
A seguir, a oração que o Papa Francisco rezou com todos os presentes:
Senhor Jesus, obrigado por estar aqui, obrigado porque nos destes irmãos como Liz, Manuel e Orlando. Obrigado porque nos deste muitos irmãos que são como eles, que te encontraram Jesus, que te conhecem Jesus, que sabem que Deus é a sua fortaleza.
Jesus, te peço pelos rapazes e moças que não sabem que Tu és a sua fortaleza e que têm medo de viver, medo de serem felizes, medo de sonhar.
Jesus, ensina-nos a sonhar, sonhar coisas grandes, coisas lindas, coisas que embora pareçam cotidianas, são as que engrandecem o coração. Senhor Jesus, dai-nos fortaleça, dai-nos um coração livre, dai-nos esperança e amor e ensina-nos a servir. Amém.
Fonte: ACI Digital