A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) está começando. Ainda não oficialmente, no Rio de Janeiro, onde acontecerá de 23 a 28; mas nas dioceses do Brasil inteiro, que realizam a Pré-Jornada, com o nome de Semana Missionária, a partir do dia 16.
Na Arquidiocese de São Paulo, as paróquias, comunidades, congregações religiosas, movimentos e organizações juvenis realizarão a Semana Missionária junto com delegações jovens de 58 países diversos. Serão aproximadamente 10 mil hóspedes acolhidos, sobretudo, em casas de famílias.
A acolhida e a hospitalidade fazem parte do espírito da JMJ: abrir as portas das casas requer abrir primeiro as portas do coração para receber, na própria vida, alguém que nunca se viu nem conheceu; “Não negligencieis a hospitalidade”, recomenda a Carta aos Hebreus (cf. Hb 13,2); isso anda esquecido, por causa dos evidentes riscos que todos os dias são enfrentados com a violência, os assaltos e arrastões… Mas, nem por isso, ficou abolido!
A JMJ ajuda a ampliar nossa percepção da realidade da própria Igreja: uma grande família, formada por gente de todos os povos, casa comum, onde se vive a mesma fé e a vida é orientada pelos mesmos caminhos indicados por Deus nos Mandamentos; família grande, onde todos estão profundamente unidos por laços de viva fraternidade espiritual, membros de um mesmo povo de Deus, no qual ninguém mais deve se sentir estrangeiro, pois todos têm uma pátria comum e são “concidadãos dos santos” (cf. Ef 2,19).
Um dos efeitos mais marcantes da JMJ, a começar pela Semana Missionária, é a percepção da unidade da fé na mesma Igreja, apesar das diferenças de cultura, raça, língua e nação. É belo cair na conta que o mesmo Pai-Nosso é rezado por pessoas do mundo inteiro, a mesma missa, a mesma profissão de fé, a mesma esperança é compartilhada, a mesma missão… Todos estão unidos em Cristo, conduzidos pelo mesmo Pastor visível, em nome do Supremo Pastor.
A Semana Missionária tem três grandes propostas: a partilha da fé na oração; o intercâmbio cultural e a ação solidária; iniciativas e atividades para alcançar essas metas estão a cargo das organizações locais, sobretudo nas paróquias.
Os jovens das nossas muitas comunidades, apoiados por numerosos voluntários, também adultos, farão a experiência da oração junto com os jovens peregrinos dos outros países; muitos de nossos irmãos vivem a fé em situações marcadas por enormes desafios e sofrimentos e poderão ouvir de outros experiências semelhantes; somos edificados reciprocamente pelo testemunho da fé vivida em circunstâncias diversas.
Também o intercâmbio cultural é relevante; os jovens vindos de longe querem conhecer algo de São Paulo e do Brasil, de nosso modo de viver e de nossos “bens culturais”. Mas também nós teremos a ocasião de conhecer algo sobre a cultura dos povos e países que esses jovens hóspedes representam. Boa ocasião para uma abertura de horizontes e de um enriquecimento cultural recíproco. Conhecemos e valorizamos melhor a nós mesmos quando aprendemos a conhecer os outros…
Não ficam fora das programações as iniciativas de solidariedade social para com os que sofrem. Sim, pobres, doentes, idosos, prisioneiros, dependentes químicos, a população de rua e todos os que sofrem devem receber a “boa nova” do conforto e da esperança, que se expressa na vida e na ação da Igreja; mais ainda, quando se trata de iniciativas que envolvem os jovens: estes precisam conhecer o lado sofrido da condição humana e, ao mesmo tempo, crescer na sensibilidade para com todos os irmãos que sofrem, a fim de assumir suas dores e se motivarem para aliviar os sofrimentos superáveis dos irmãos. E os jovens vindos de longe também poderão compartilhar histórias de dor e sofrimento de seus países, junto com o testemunho sobre as ações solidárias que lá se desenvolvem.
Desejo que a Semana Missionária seja uma bênção fecunda para os jovens peregrinos e para os jovens de nossa Arquidiocese! São Paulo, missionário dos povos e patrono de nossa Arquidiocese, interceda por todos nós!
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
@DomOdiloScherer