Vamos viver neste final de semana aqui no Vaticano, o último evento do Jubileu da Misericórdia, antes da celebração de fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro no dia 20 de novembro. Francisco reservou este momento às pessoas excluídas, aos socialmente excluídos, àqueles que vivem à margem da nossa sociedade, aos sem-teto, aos mais pobres dos pobres; sem distinção de cor, credo, nacionalidade. Desde ontem, 11 de novembro, milhares de pessoas, cerca de 5 mil, que viveram ou vivem pelas ruas de grandes cidades, provenientes de toda a Europa, se encontram em Roma para viver o Jubileu da Misericórdia, uma semana antes do encerramento do Ano Santo.
Essas pessoas estão fazendo a experiência da peregrinação, da passagem pela Porta Santa, e ontem, o encontro com o sucessor de Pedro, o Papa Francisco, um encontro cheio de ternura, emoção e amor. Uma experiência que permite a essas pessoas mais frágeis da nossa sociedade descobrir que elas têm um lugar privilegiado no coração de Deus, no coração do Papa, no coração da Igreja. Neste domingo, na Basílica de São Pedro a Santa Missa, presidida para eles pelo Pontífice.
A iniciativa dessa peregrinação nasceu em 2014 quando 200 pessoas, 150 das quais moradores de rua, realizaram uma peregrinação da França a Roma tendo como tema “Todos chamados à santidade”. Também naquela ocasião, o encontro com o Papa Francisco.
No ano passado os organizadores desta iniciativa escreveram uma carta a Francisco pedindo para também eles poderem participar de um Jubileu da Misericórdia, e o Papa respondeu, sim.
Os participantes deste Jubileu são pessoas da nossa realidade, e são pessoas das quais as paróquias têm necessidade, afirmou Le Forestier da Rede Irmão, organizador do evento –, porque sãos os pequeninos, os mais pobres dos pobres e, portanto, os mais próximos a Cristo. São moradores de rua, ou melhor, “pessoas socialmente excluídas, num total de cerca 5 mil homens e mulheres provenientes de 22 países, envolvendo associações e paróquias.
Carregam nos ombros vidas de exclusão, quem sabe, falências de vida e de relações que os levou à rua onde encontram uma via de fuga para desaparecer no meio da multidão de nossas cidades. Não é somente a falta de comida ou de casa, sofrem principalmente pela solidão, isolamento, falta de esperança; eles são hoje os peregrinos de nossas cidades.
O Papa Francisco tem um amor especial por eles, e demonstra com gestos concretos a ternura de um pai que não esquece seus filhos. E o Papa é visto por eles como uma pessoa muito próxima, humilde, alegre, simples, que os convida à sua casa.
Eles vieram de todas as partes da Europa, cheios de entusiasmo e curiosidade. Segundo um dos integrantes da Associação francesa “Irmão” foram feitos três encontros durante os quais os moradores de rua tiveram a oportunidade de se conhecer, de rezar juntos, fazer amizades e se perguntar, sobre como seria a viagem. “Muitas dessas pessoas – por exemplo – fizeram perguntas como: “O que é o Jubileu da Misericórdia?” ou “Quem é o Papa?”; e foi importante poder respondê-las. Alguns participantes têm fé, outros não. Mas todos têm em comum a curiosidade e vontade de participar”.
Eles sãos os invisíveis por antonomásia da nossa sociedade moderna e opulenta, que corre veloz e não tem tempo para eles; uma sociedade que não pode diminuir o ritmo para incluí-los, para esperar por eles. Talvez precisamente por isso o Papa quis que no Ano Santo houvesse um momento inteiramente dedicado a eles.
Desde o início de seu Pontificado, Francisco demonstrou que cada um, na sua possibilidade, pode fazer algo para restituir um pouco de dignidade aos últimos da terra. O pensamento vai ao dormitório “Dom de Misericórdia”, desejado por Francisco, e confiado às missionárias da caridade, ou aos banheiros e ao serviço de barbearia sob as Colunatas de Bernini, como também a visita aos museus vaticanos. Pequenos gestos, pequenas luzes de um interminável Rosário de palavras e gestos a serem recordados.
Frequentemente evitamos ver os moradores de rua. São os descartados dos quais fala Bergoglio. Homens e mulheres sobre os quais nunca são ligados os refletores, ignorados para evitar problemas, desconfortos e sentido de culpa. Eles são, recordando Francisco, citando o Evangelho: “importantes para a Igreja, e vocês e não o dinheiro são a sua riqueza”. (Silvonei José)
Fonte: Rádio Vaticano