ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ

“Grande é o Mistério da fé.” A Igreja o professa no Símbolo dos Apóstolos (Primeira parte) e o celebra na Liturgia sacramental (Segunda parte), para que a vida dos fiéis seja conforme a Cristo no Espírito Santo para a glória de Deus Pai (Terceira parte). Esse Mistério exige, pois, que os fiéis nele creiam, celebrem-no e dele vivam numa relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Essa relação é a oração.

O QUE É A ORAÇÃO?

Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado no céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria! (Sta. Teresinha do Menino Jesus).

A oração como dom de Deus

“A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes” (S.João Damasceno). De onde falamos nós, ao rezar? Das alturas de nosso orgulho e vontade própria, ou das “profundezas” (Sl 130,1) de um coração humilde e contrito? Que se humilha será exaltado (Cf. Lc 18,9-14). A humildade é o fundamento da oração. “Nem sabemos o que seja conveniente pedir” (Rm 8,26). A humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus (Cf. Sto. Agostinho).

“Se conhecesses o dom de Deus!” (Jo 4,10). A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços aonde vamos procurar nossa água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar, e é Ele que pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja. A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede dele (Cf. Sto. Agostinho).

“És tu que lhe pedirias e Ele te daria água viva” (Jô 4,10). Nossa oração de pedido é, paradoxalmente, uma resposta. Resposta à queixa do Deus vivo: “Eles me abandonaram a mim, a fonte de água viva, para cavar para si cisternas furadas!” (Jr 2,13), resposta de fé à promessa gratuita da salvação (Cf. Jo 7,37-39; Is 12,3; 51,1), resposta de amor à sede do Filho único (Cf. Jo 19,28; Zc 12,10; 13,1).

A oração como Aliança

De onde vem a oração humana? Qualquer que seja a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que reza. Mas, para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito, geralmente do coração (mais de mil vezes). É o coração que reza. Se ele está longe de Deus, a expressão da oração é vã.

O coração é a casa em que estou, onde moro (segundo a expressão semítica ou bíblica: aonde eu “desço”). Ele é nosso centro escondido, inatingível pela razão e por outra pessoa; só o Espírito de Deus pode sondá-lo e conhecê-lo. Ele é o lugar da decisão, no mais profundo de nossas tendências psíquicas. É o lugar da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. É o lugar do encontro, pois, à imagem de Deus, vivemos em relação; é o lugar da Aliança.

A oração cristã é uma relação de Aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; brota do Espírito Santo e de nós, totalmente dirigida para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem.

A oração como Comunhão

Na Nova Aliança, a oração é a relação viva dos filhos de Deus com seu Pai infinitamente bom, com seu Filho, Jesus Cristo, e com o Espírito Santo. A graça do Reino é a “união de toda a Santíssima Trindade com o espírito pleno” (S. Gregório Nazianzeno). A vida de oração desta forma consiste em estar habitualmente na presença do Deus três vezes Santo e em comunhão com Ele. Esta comunhão de vida é sempre possível, porque, pelo Batismo, nos tornamos um mesmo ser com Cristo (Cf. Rm 6,5). A oração é cristã enquanto comunhão com Cristo e cresce na Igreja que é seu Corpo. Suas dimensões são as do Amor de Cristo (Cf. Ef 3,18-21).
Fonte: Catecismo da Igreja Católica nº 2558-2565