Na Santa Missa que celebrou hoje na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco rezou especialmente pelo Papa Emérito Bento XVI que completa nessa data 88 anos: “Gostaria de lembrar que hoje é o aniversário de Bento XVI. Ofereci a missa para ele e também convido todos a rezarem por ele, para que o Senhor o sustente e lhe dê tantas alegrias e felicidades”, disse Francisco.
A Obediência forma heróis
Sua homilia teve outro tema, baseado na liturgia do dia. Nas leituras de hoje está presente a virtude da obediência. Na homilia que, então, proferiu, o Pontífice não deixou de comentar esse tema.
Para o Papa, obedecer é um sinal de coragem: A obediência “tantas vezes nos leva a um caminho que não é o que eu penso que deve ser, é outro”. Obedecer é “ter a coragem de mudar de rumo quando o Senhor nos pede”. “Quem obedece tem a vida eterna”, enquanto para “quem não obedece, a ira de Deus permanece sobre ele”.
Francisco comentou que na primeira leitura da liturgia de hoje, extraída dos Atos dos Apóstolos, os sacerdotes e os chefes ordenam aos discípulos de Jesus que não preguem mais o Evangelho ao povo.
Eles estão enfurecidos, com ciúme, com medo porque na presença deles multiplicam-se os milagres, o povo segue os discípulos e “o número de fiéis aumentava”.
Então, os discípulos são presos, um anjo do Senhor os liberta e eles voltam a pregar o Evangelho. Novamente são presos e interrogados. Os sacerdotes não entediam tanto empenho em anunciar o Evangelho e Pedro explica sua atitude ao responder as ameaças do sumo sacerdote: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens”.
Teimosia e dureza de coração
Continua o Pontífice com sua homilia explicando: “estes eram doutores, tinham estudado a história do povo, tinham estudado as profecias, a lei, conheciam assim toda a teologia do povo de Israel, a revelação de Deus, sabiam tudo, eram doutores, e foram incapazes de reconhecer a salvação de Deus.
Mas como é possível essa dureza de coração dos sumos sacerdotes? Porque não é dureza de cabeça, não é simples ‘teimosia”: É a dureza…
E pode-se perguntar: como é o percurso desta teimosia, que é total, de cabeça e de coração?”.
Francisco mesmo responde, explicando: “a história desta teimosia, o itinerário dela é o fechar-se em si mesmo, não dialogar, é a falta de diálogo”. “Eles não sabiam dialogar, não sabiam dialogar com Deus, porque não sabiam rezar e ouvir a voz do Senhor, e não sabiam dialogar com os outros”.
Eles “somente interpretavam como era a lei para fazê-la mais precisa, mas estavam fechados aos sinais de Deus na história, estavam fechados ao seu povo. Estavam fechados, fechados. E a falta de diálogo, este fechamento do coração, os levou a não obedecer a Deus.
Este é o drama desses doutores de Israel, desses teólogos do povo de Deus: não sabiam ouvir, não sabiam dialogar. O diálogo se faz com Deus e com os irmãos”.
Para o Santo Padre, o sinal que revela que uma pessoa “não sabe dialogar”, “não está aberta à voz do Senhor, aos sinais que o Senhor faz no povo” é a “fúria e a vontade de calar os que pregam, neste caso, a novidade de Deus, isto é, Jesus ressuscitado. Não têm razão, mas chegam a isso. É um itinerário doloroso. Estes são os mesmos que pagaram os guardiões do sepulcro para dizer que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus. Fazem de tudo para não abrirem-se à voz de Deus”.
No final da homilia, o Papa pediu: “E nesta Missa rezemos pelos mestres, pelos doutores, por aqueles que ensinam ao povo sobre Deus, para que não se fechem, para que dialoguem e, assim, se salvem da ira de Deus que, se não mudarem atitude, permanecerá sobre eles”.
Fonte: Gaudium Press