Quando não mais parecia possível, Suas palavras de amor ressoavam em mim, e eu, envolvida neste mistério, nada queria em troca. Só desejava amá-Lo, e Ele me amar. Eu me sentia vencida por tão grande amor.
– Permita-me, Madalena, te perguntar: como chegaste a amar de tal modo o Senhor? Como tu – de quem nada se esperava – que era olhada, como aquela de tantos demônios, como chegaste a amar o Senhor? Amar ao ponto de permanecer de pé aos pés da Cruz?
– Permita-me, com verdade, te responder: se de tal modo amei/amo a Jesus, foi por deixar o amor dEle vencer. Foi Ele quem primeiro me amou! Quando me olhavam e viam demônios, Ele via, no amor, minha dor; quando olhavam e viam meus pecados, Ele via a oportunidade de manifestar Sua misericórdia. Jesus me envolveu de ternura e então eu o segui.
Quando não mais parecia possível, Suas palavras de amor ressoavam em mim, e eu, envolvida neste mistério, nada queria em troca. Só desejava amá-Lo, e Ele me amar. Eu me sentia vencida por tão grande amor, e, mesmo que viessem todas as dores, o Seu amor parecia me arrastar. O ressoar do Seu Nome exalava perfume de Paz, e eu compreendi: nenhum dos meus amores me alegraria como me alegrava o vinho inebriante da Sua presença (cf. Ct 1, 3s).
A verdade é que: se eu estava aos pés da Sua Cruz é porque o Seu amor me venceu! E, ao estar então aos Seus pés, como Rute aos pés de Booz, como a esposa dos cânticos, o meu coração suplicava que me introduzisse nos Seus aposentos, pois, se fosse preciso, à Sua cruz me uniria. Se fosse preciso eu morreria.
– “Quanta razão havia de amar! ” Meu Deus, que tamanho amor. Tuas palavras, com tanta verdade, parecem em mim ecoar: arde o meu coração como se esta mesma paixão viesse me arrastar.
– E não é este mesmo amor que ecoa em ti? Não é tua vida como a minha história contada aqui? Ou te esqueceste de quantos inimigos te livrou o Senhor? E de quantas quedas do chão te ergueu com Sua mão? Quantas vezes te arrastou, mesmo quando quisestes partir. E, como mendigo de ti, Sua voz se fez ecoar: “Deixa-me ver tua face, deixa-me ouvir tua voz (…) roubastes meu coração com um só dos teus olhares” (Ct 2, 14; 4, 9). Ele, um mendigo de Ti, só quer te amar.
– Madalena, é verdade tudo o que dizes aqui. Ensina-me, então, a amá-lo bem mais. Ajuda-me, minha irmã, a ir aos aposentos reais. Que a dor não me prive do doce perfume que traz. Santa Maria Madalena. Rogai por nós.
Fonte: Thalita Oliveira / Comunidade de Vida Shalom