A família não está em crise, mas sim as pessoas que a constituem. Isto é o que defende o bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte. A reflexão sobre a família é o foco nesta semana, quando católicos brasileiros celebram a Semana Nacional da Família.
“Eu diria que não é a instituição familiar que está sofrendo crise, mas as pessoas que constituem as famílias e que se deixam infeccionar pela cultura do individualismo e do descarte”, disse o bispo, que também é membro da Comissão Episcopal da CNBB para Vida e Família.
Para Dom Antônio, as crises existem para as pessoas crescerem. Especialmente para os católicos, trata-se de, confiando na graça de Deus, chegarem a perseverar na vocação matrimonial e fazer com que a família cumpra seu papel na Igreja e na sociedade. “O papel de formar cristãos e cidadãos maduros, cheios de valores e coragem para enfrentar o mundo e torná-lo melhor e fraterno como Deus quer”, disse Dom Antônio.
O bispo reconhece que a família atual passa por um “forte abalo, como que um terremoto”, fazendo cair elementos fundamentais como a unidade familiar e a fidelidade conjugal. Todavia, Dom Antônio reforça que a família não se transformou, pelo fato de ser um projeto de Deus, mas tem sofrido os reflexos da cultura individualista e materialista.
A formação para o matrimônio e o papel da Pastoral Familiar
Além do individualismo e da cultura do descarte mencionada pelo Papa Francisco em sua visita ao Brasil, Dom Antônio aponta ainda que a falta de educação para o matrimônio é outro fator responsável pelas crises individuais na família.
“As pessoas entram em crise e confundem crise pessoal com crise institucional. A família é um projeto de Deus e, portanto, sempre está em sua integridade. Agora, quem está dentro da família é que pode fazer com que os abalos formem certa rachadura na instituição familiar”, esclareceu.
Para o bispo, é necessário uma formação mais completa, profunda e interdisciplinar para a vida matrimonial, e este trabalho, segundo ele, compete à Igreja, de modo especial, à pastoral que trabalha com as famílias.
“A Pastoral Familiar não é uma pastoral de luxo numa diocese ou paróquia, mas uma pastoral necessária, insubstituível e urgente. Ela deve ser o ‘rosto materno da Igreja’”, ressaltou Dom Antônio.
Segundo o bispo, a Igreja mostra esse rosto quando dá prioridade ao trabalho com as famílias, que compreende a catequese, a preparação para o Crisma, os grupos de jovens e a preparação para o Matrimônio. As situações especiais em que vivem as famílias, o atendimento social feito a elas, assim como o próprio Matrimônio, são também parte do trabalho da PF no Brasil.
Espiritualidade familiar na superação das crises
Dom Antônio acredita que “a família tem que criar um ambiente onde se destaque a fé como a grande força pra se viver todos os valores próprios da família”. Para ele, no ambiente familiar onde se educa para a fé e, consequentemente, se dá exemplos de fé, cresce a “semente de mostarda” que é capaz de transformar o mundo.
Logo, finaliza Dom Antônio, formar a família na fé, através da oração, do aprofundamento das verdades da fé, faz com que a força transformadora do mundo, junto com a caridade e a esperança, mostre ser possível uma nova geração.
Mês vocacional
Em agosto, os católicos são convidados a refletir sobre as vocações. No último domingo, 11, a Igreja no Brasil celebrou a vocação à vida em família, destacando o papel dos pais e dos filhos na construção de uma sociedade segundo o projeto de Deus.
Fonte: CN Notícias