O apartamento pontifício de Castel Gondolfo foi aberto ao público. Localizado a cerca de 20 km de Roma, fiéis e curiosos podem conhecer agora a intimidade dos papas. Foram incluídos no museu espaços que, até então, eram reservados ao uso exclusivo dos Pontífices: a biblioteca, o escritório particular e até mesmo o quarto de dormir. É possível admirar também a capela com a imagem da Virgem de Czestochowa, onde – pela primeira vez – dois papas rezaram juntos: Bento XVI e Francisco.
A iniciativa de abrir ao público foi justamente do Papa argentino, que nunca residiu no Palácio de verão. Não se trata, porém, de uma novidade: desde 1596, de 33 papas, 15 jamais pernoitaram em Castel Gandolfo. A decisão de que tudo isso agora seja museu é permanente, até o próximo pontificado.
História
As instalações e os aposentos são sóbrios, pouco luxuosos, mas adquirem relevância com a história de que são testemunhas.
O itinerário começa com a “Sala dos Suíços”, decorada com mármores policromos. Na sequência, estão o elegante Salão Verde para os encontro oficiais, a “Galeria da música”, a “Sala do trono”, a sala do Consistório para os encontros com os cardeais, onde Giuseppe Angelo Roncalli, futuro São João XXIII, recebeu a púrpura. Há também o escritório, onde foram escritas inúmeras encíclicas e homilias, e a biblioteca. Sobre a escrivaninha, foram depositados os documentos do vatileaks, que Bento XVI entregou a Francisco.
O quarto papal é simples: uma cama de solteiro, Nossa Senhora com o Menino Jesus, um armário, o criado-mudo e o retrato do Papa Gregório. Neste quarto, morte e vida se intercalaram no decorrer dos anos: ali nasceram cerca de 40 crianças, filhos de mulheres abrigadas por Pio XII que deram à luz durante a guerra. A maioria dos bebês foi batizada com o nome de Eugênio, em homenagem ao Pontífice Eugênio Pacelli – que faleceu naquela mesma cama em 1958. Neste aposento, também conclui sua passagem terrena o Papa Paulo VI, em 1978.
Ainda funcionam todos os relógios, assim como permaneceram intactos alguns objetos, como o telefone utilizado pelo Papa João Paulo II, que definia Castel Gandolfo como “Vaticano Dois”
O primeiro hóspede foi Urbano VIII, que ali chegou em 10 de maio de 1626. No século XX, apenas João Paulo I nunca esteve em Castel Gandolfo. O último a passar as temporadas de verão foi Bento XVI. Em 28 de fevereiro de 2013, Joseph Ratzinger deixou o Vaticano de helicóptero depois de renunciar ao pontificado: quando os portões do Palácio Apostólico se fecharam, teve início a sede vacante: e foram, até hoje, os últimos instantes de um papa residente em Castel Gandolfo.
O museu está aberto ao público de segunda a sábado. Há uma bilheteria no local, mas os Museus Vaticanos aconselham a reserva.
Fonte: Rádio Vaticano