1. A insensatez.
O insensato tem falta de bom senso. Age sem refletir. Não para a fim de pensar, discernir e optar. A insensatez consiste em não cultivar o conhecimento e viver de modo superficial, instintivo, efêmero.
Ao insensato falta a lógica, a profundidade, a reflexão, a filosofia. Não há gosto pelo estudo, pelo cultivo pessoal, pela sabedoria. A imaturidade, a ingenuidade, a superficialidade são expressões de insensatez. “Até quando amareis a ilusão, procurareis a falsidade e fechareis o coração”? (Sl 4,3). A vida não pode se fundamentar na dúvida, na incerteza, na mentira, na satisfação efêmera dos desejos.
2. A intemperança.
E a falta de autodomínio, satisfação dos desejos, permissivismo ético. Sem a temperança somos escravos dos vícios e paixões, buscamos alívio no barulho, na farra, no álcool como sedativos para nossa alma doentia. Assim, a intimidade vira sensualidade, e depois, promiscuidade.
Hoje é um imperativo, uma obrigação o sexo livre, a transa, a libertinagem. Vivemos uma exasperação erótica e uma desumanização da sexualidade.
A virtude da temperança consiste em ordenar os afetos desordenados, sublimar os impulsos instintivos, humanizar a sexualidade, para alcançar a maturidade e a paz interior. A temperança é educação para o amor.
3. A injustiça.
Consiste em não agir corretamente, mas de modo egoísta, oportunista, excludente e opressor. O outro é descartável, sobrante, excluído. Falta a consideração e satisfação pelo bem-estar dos outros, pelo seu sucesso e seus direitos. O injusto desconhece a compaixão, a sensibilidade, o altruísmo. O outro é apenas um meio para seus interesses ou uma ameaça a descartar.
Amai a justiça, vós que governais a Terra, diz o livro da Sabedoria. A justiça é o primeiro passe do amor. Diz o profeta Miquéias: “O bem consiste em praticar a justiça, amar a misericórdia e andar corretamente na presença de Deus” (Mq 8,3). As desigualdades sociais, a corrupção, a depredação do meio ambiente são patologias sociais cuja origem é a doença da alma chamada injustiça.
4. A impiedade.
Ímpio é o que nega o divino, o transcendente, o espiritual, enfim, nega a Deus. Para o ímpio, a religião e as coisas espirituais não passam de obsessão neurótica, atraso cultural, obscurantismo e magia. A impiedade se manifesta na incredulidade, na indiferença, no desinteresse pela dimensão espiritual. Deus além de ser estorvo, e inútil. Seu lugar é o exílio.
O ímpio rejeita Deus e adora ídolos. Combate a religião e endeusa a razão. Tem o pensamento obscurecido porque o amor de si o leva ao desprezo de Deus. A impiedade aprisiona a verdade, petrifica o coração, inverte valores. Eis o que é a doença da alma chamada impiedade.
Dom Orlando Brandes – Arcebispo de Aparecida – SP
Fonte: Jornal do Evangelizador