O Papa Francisco encontrou este domingo, na Praça São Pedro, anciãos e avós provenientes de várias partes do mundo. O evento realizou-se em dois momentos: o primeiro, em forma de testemunho e de diálogo, iniciado às 9h30. Neste primeiro momento esteve também presente Bento XVI, a convite do Papa Francisco.
Depois, às 10h30, teve lugar a santa missa: alguns sacerdotes anciãos concelebraram com o Santo Padre. Intitulado “A bênção da longa vida”, o encontro foi organizado pelo Pontifício Conselho para a Família.
A Rádio Vaticano entrevistou o presidente do dicastério vaticano, Dom Vincenzo Paglia, que nos expressou, inicialmente, o significado deste encontro:
Dom Vincenzo Paglia:- “Num mundo que descarta os anciãos, este encontro quer dizer que os anciãos não estão “descartados”, pelo contrário, estão no coração da Igreja com o Papa Francisco. Nesse sentido, é um gesto que quer ressaltar a relevância destes anos para a vida das famílias, da Igreja e também da nossa sociedade.”
RV: De um lado, o problema da marginalização dos anciãos, sobretudo nas sociedades ocidentais; de outro, os anciãos como categoria frágil e vulnerável em tantas situações de crise no mundo: estão entre aqueles que mais sofrem e também, muitas vezes, entre aqueles que depois acabam assumindo o peso dos danos provocados pelos conflitos…
Dom Vincenzo Paglia:- “Infelizmente, em todos os lugares no mundo, os anciãos começam a ser olhados com desconfiança e, de fato, há uma espécie de paralelo entre a globalização do mercado do lucro e a marginalização de quem não produz, de quem é concebido como “peso”.
RV: O que a Igreja pode fazer para criar uma sensibilidade em relação às condições dos anciãos?
Dom Vincenzo Paglia:- “Creio que deve, em primeiro lugar, dizer aos anciãos que existe uma nova missão para eles: eles mesmos devem compreender que aquela idade é uma idade na qual são chamados a se converterem. João XXIII – quando já tinha 80 anos – escrevia em seus diários que mesmo como Papa, mesmo como ancião devia continuar convertendo o próprio coração. Então, imagino que a multidão de anciãos, tão numerosa hoje – num mundo de conflitos, de guerras e de ódio – é de certo modo como Moisés no monte, que reza, enquanto se deve combater uma batalha por um mundo mais justo que é realmente difícil de combater. Portanto, precisamos dos anciãos que rezam. Além disso, os netos e os filhos são exortados a não perder este tesouro, a não descartá-lo. Ao mesmo tempo, por sua vez, os anciãos podem dar sua contribuição e, de fato, já fazem isso – sobretudo neste tempo de crise – com uma contribuição muitas vezes econômica, mas também contribuição de educação, de acompanhamento. Creio que seja importante recordar a relação entre as gerações, porque se esta relação se rompe construímos um presente triste e um amanhã, talvez, mais triste ainda.”
RV: A questão dos anciãos terá um espaço no Sínodo sobre a Família?
Dom Vincenzo Paglia:- “Certamente sim. O fato deste encontro realizar-se na vigília do Sínodo me leva a pensar que os anciãos são os pioneiros, a linha de frente, vanguardas, aqueles que certamente viveram mais tempo em família, que poderiam falar muito daquilo que viveram, de bom e de ruim. Eis o motivo pelo qual estes anciãos, na semana anterior ao Sínodo, nos dizem que a família é realmente o coração da vida, e quando falta é uma tragédia.”
Fonte: Rádio Vaticano