Um dos pontos essenciais de nossa espiritualidade é a devoção à Eucaristia. Ao longo dos séculos, o “Divino Prisioneiro” – amorosa designação dada a Jesus Sacramentado por grandes santos em alusão à sua permanente presença no sacrário – tem derramado incontáveis graças sobre todos os que d’Ele se aproximam, consolando os corações, fortificando os ânimos e dulcificando os amargos sofrimentos inseparáveis de nossa vida neste vale de lágrimas. Cumprem-se de maneira admirável e maravilhosa as palavras do Senhor: “Eis que estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Qual não deve ser a nossa correspondência e fidelidade para com um Deus que, chegando a extremos de amor, deixa-se como alimento para as almas e faz-se presente em todos os tabernáculos?
E que presença maravilhosa! Encanta nossas vidas, como quando visitamos a igrejinha de pacato vilarejo e vemos ajoelharem-se ante o altar as pessoas do lugar. Ou nos faz sentir tomados de enorme respeito e inundados de sacralidade, ao contemplarmos Nosso Senhor Sacramentado num templo esplendoroso, como, por exemplo, a Basílica de São Marcos, de Veneza. Joia incrustada numa das mais belas cidade do mundo, ponto para onde convergem todos os olhares dos que visitam a antiga República Sereníssima, fazendo sair do fundo de nossas almas a espontânea exclamação: “Oh! Ali está Ele em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Que magnífico!”
É acerca do Santíssimo Sacramento que se deu o episódio seguinte, num mosteiro beneditino espanhol. Os piedosos monges se prepararam com muito fervor para uma festa litúrgica e o sacristão, ao arrumar na noite anterior os ornamentos necessários, esqueceu-se de um círio aceso dentro de um armário.
Não é difícil imaginar o susto dos monges ao chegarem pela manhã na capela e encontrarem o armário queimado, derretidos os cálices de prata e uma cruz de bronze que estavam nele depositados. Removendo as cinzas, encontraram, ainda incandescente, uma caixa de prata que servia de sacrário, na qual haviam sido guardadas três partículas consagradas. Esfriaram-na com água e colocaram-na sobre o altar-mor, não sabendo o que havia acontecido com o precioso conteúdo.
Abrindo a caixa, depararam-se com os corporais totalmente convertidos em cinza, aparecendo, entretanto, intactas e sem a menor queimadura, as três partículas consagradas. Oh milagre admirável! Oh resplendoroso poder do Criador do céu e da terra! Imagine-se o espanto dos monges ao verificarem esse milagre que tinham diante dos olhos! Ao saber do fato, o Sumo Pontífice recomendou-lhes que mantivessem com grande entusiasmo e alegria as partículas, a fim de que “os devotos se confirmem em sua devoção, e os que não o são sejam excitados sinceramente à devoção e à firmeza da Fé” (Antonio Corredor Garcia, O.F.M, Prodigios Eucarísticos, Apostolado Mariano, Sevilla).
Por Irmã Carmela Werner Ferreira, EP
Fonte: Gaudium Press