Francisco recebeu a visita inusitada de um grupo de presos do cárcere de Rebibbia, um dos principais de Roma, ganhou uma cesta de pães fresquinhos e o agradecimento pessoal de cada um. Da outra parte, a emoção dos detentos que receberam um abraço do Pontífice: “ele foi ao encontro de cada um, não esperou que nos movêssemos. Pode parecer banal, mas me fez lembrar a ‘Igreja em saída’, que vai ao encontro das pessoas”, disse o capelão, o Pe. Moreno Versolato.
O Papa Francisco recebeu a visita de cerca de 15 detentos na manhã desta segunda-feira (21) que fazem parte do terceiro instituto do cárcere de Rebibbia, uma das principais prisões de Roma.
O encontro foi logo cedo da manhã e o Pontífice ganhou uma cesta com pães fresquinhos, produzidos por eles na noite anterior, na oficina de padaria criada em pleno lockdown e em forma de agradecimento a Francisco “pelo dom da esperança que está oferecendo a nós, detentos”.
O Pe. Moreno Versolato, religioso dos Servos de Maria e capelão daquele complexo do Rebibbia, não escondeu a emoção pelo encontro ao descrever que foi uma experiência muito importante para a comunidade carcerária presente no Vaticano e formada por detentos, direção, magistrados, agentes penitenciários e educadores: “é extraordinário que aqui, vivam hoje, junto aos presos, uma experiência de beleza que é uma ‘escola de vida’ para todos”, comentou o sacerdote. Isso porque os próprios detentos “cresceram em periferias degradadas ou talvez venham de países distantes… Em resumo, eles tiveram, desde a infância, uma outra ‘escola’…”.
O capelão, então, disse que agradeceram pessoalmente o afeto do Papa às pessoas encarceradas, uma “proximidade que ele nos mostra continuamente e em diferentes ocasiões”. Uma gratidão também “às orações e pedidos às autoridades políticas para que mudem cada vez mais as condições de detenção, especialmente onde a dignidade da pessoa é constantemente violada”.
O abraço como resposta do Papa
Num clima bem familiar, o Papa confiou ao grupo a atenção às pessoas que vivem a experiência da reclusão, recordando as visitas que fazia às prisões na Argentina, além de assegurar orações também pelos familiares. Segundo o capelão, Francisco também encorajou todos “a não ter medo de enfrentar este período da nossa vida. Porque, como disse ele, é apenas um tempo, uma parte da vida, portanto, enfrentem com coragem”.
O Pe. Moreno contou que a visita durou cerca de meia hora, mas, em momentos, assim, “não é o tempo que conta, mas a proximidade, a acolhida que o Papa reservou para nós. Ele recebeu cada prisioneiro com um abraço e um aperto de mão, depois se deixou envolver com as selfies, porque todos queriam imortalizar o momento com o próprio celular. Ele nos disse que ainda está em contato com os detentos de uma prisão em Buenos Aires que conhecia, aos quais disse que telefona a cada quinze dias. Já os nossos detentos contaram que sempre lembram dele com carinho, rezando por ele todos os domingos na celebração da missa”.
A visita aos Museus do Vaticano
Em seguida à visita ao Papa na Casa Santa Marta, o grupo foi recebido pela diretora dos Museus do Vaticano, Barbara Jatta, que disse: “estas galerias são a casa de todos. Aqui, cada um, com a própria sensibilidade, pode compreender ‘algo’ que vale para a sua vida e pode torná-la melhor. Hoje os Museus do Vaticano se oferecem aos detentos e àqueles que os acompanham como uma inspiração à beleza que toca a alma no seu profundo”.
Neste período de pandemia, comenta o Pe. Moreno, esse tipo de visita tem ainda mais significado porque “os prisioneiros sofreram muito com o isolamento e a marginalização devido à impossibilidade de abraçar os entes queridos”. São situações extremas, realmente “no limite”, finaliza ele, sendo fácil ceder à tentação de dar lugar ao conflito e à raiva.
Fonte: Vatican News