“O Vaticano está procedendo sem incertezas no caminho da transparência e da boa administração”. Foi o que disse o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, nesta quarta-feira, 4, em resposta à publicação de dois livros que, baseando-se em documentos vaticanos reservados, queriam mostrar o contrário.
“O caminho da boa administração, da correção e da transparência, continua e procede sem incertezas. Esta é evidentemente a vontade do Papa Francisco e não falta no Vaticano quem colabora com lealdade plena e com todas as suas forças”, enfatizou o jesuíta.
“A publicação de dois livros que têm por argumento instituições e atividades econômicas e financeiras do Vaticano é objeto de curiosidade e comentários”, escreveu padre Lombardi em nota.
Segundo o jesuíta, boa parte do que foi publicado é resultado de uma divulgação de informações e documentos reservados. Portanto, uma atividade ilícita que é perseguida penalmente pelas autoridades vaticanas competentes.
As informações do livro
Sobre o conteúdo da divulgação, padre Lombardi lembrou que boa parte das informações já eram conhecidas. Ele ressaltou, porém, que a documentação publicada está principalmente relacionada com o compromisso significativo de coleta de dados colocada em ação pelo próprio Santo Padre a fim de realizar um estudo e reflexão de reforma e melhoria da situação administrativa do Vaticano e da Santa Sé.
“Provém do arquivo da Cosea (Comissão referente de Estudo e endereçamento sobre a organização das Estruturas Econômico-Administrativas da Santa Sé) boa parte da informação publicada. O organismo foi instituído pelo Papa Francisco em 18 de julho de 2013 e desfeito após cumprir sua função. Não se trata de informações obtidas na origem contra a vontade do Papa ou dos responsáveis por várias instituições, mas geralmente de informações obtidas ou fornecidas com a colaboração destas instituições para contribuir ao objetivo positivo comum.”
Padre Lombardi disse que tais informações precisam ser estudadas, entendidas e interpretadas com cuidado, equilíbrio e atenção. Isso porque é póssível fazer uma leitura diferente a partir dos mesmos dados. “Um exemplo é a situação do Fundo de Pensão sobre o qual foram feitas avaliações muito diferentes, desde as que falam com preocupação de um rombo às que fornecem uma leitura reconfortante.”
Bens da Igreja
“Os bens da Igreja – acrescenta padre Lombardi – têm como finalidade sustentar grandes atividades de serviço administradas pela Santa Sé ou instituições a ela ligadas, seja em Roma seja em outras partes do mundo”.
Sobre o Óbolo de São Pedro, padre Lombardi disse que o uso dos recursos é variado; as obras caritativas do Papa em favor dos pobres são certamente uma das finalidades essenciais, mas não é certamente intenção dos fiéis excluir o fato de que o Papa possa avaliar ele mesmo as urgências e a maneira de responder a essas urgências à luz de seu serviço para o bem de toda a Igreja.
“O serviço do Papa incluiu também a Cúria Romana, instrumento de seu serviço, as suas iniciativas fora da Diocese de Roma, a comunicação de seu magistério para os fiéis em várias partes do mundo também pobres e distantes, o apoio às 180 representações diplomáticas pontifícias espalhadas pelo mundo que servem as Igrejas locais e intervém como agentes principais para distribuir a caridade do Papa em vários países, além de ser representantes do Papa junto aos governos locais. A história do Óbolo mostra tudo isso com clareza.”
Reconhecer a boa administração e corrigir as inconveniências
Padre Lombardi afirmou que essas temáticas retornam periodicamente e sempre acabam gerando polêmica ou curiosidade. Motivo pelo qual é preciso ter seriedade para aprofundar as situações e os problemas específicos a fim de reconhecer o que é bem administrado e identificar onde se encontram inconvenientes a serem corrigidos.
“A isto é endereçado o trabalho difícil e complexo iniciado pelo estímulo do Papa com a criação da Coşea que concluiu o seu trabalho. A reorganização dos dicastérios econômicos, a nomeação do revisor geral, o bom funcionamento das instituições responsáveis pelo controle das atividades econômicas e financeiras são uma realidade objetiva e incontestável”.
Sobre as investigações em andamento no Vaticano, padre Lombardi deu a seguinte declaração aos jornalistas: “O Escritório do Promotor de Justiça junto ao Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, depois de um relatório da Autoridade de Informação Financeira, em fevereiro de 2015, iniciou as investigações relativas a operações de compra e venda de títulos e transações relacionadas ao Sr. Gianpietro Nattino. O mesmo escritório pediu a colaboração das Autoridades judiciárias italiana e suíça através de cartas rogatórias enviadas por vias diplomáticas em 7 de agosto de 2015.”
Fonte: Rádio Vaticano