Dom Vilsom Basso publicou uma carta por ocasião do Sínodo do Jovens que acontecerá em outubro deste ano
O presidente da Comissão para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Vilsom Basso, bispo de Imperatriz (MA), publicou uma carta intitulada “O Sínodo: oportunidade de ver, ouvir e sair”, por ocasião da proximidade do Sínodo do Jovens que acontecerá de 3 a 28 de outubro deste ano.
De acordo com o bispo, a reunião sinodal será uma bela oportunidade para que a Igreja veja e conheça a realidade juvenil, ouça seus clamores, dúvidas, sugestões, esperanças e, em conversão pastoral, incentive o “sair”, para que os jovens sejam sal e luz. “Este Sínodo é uma oportunidade para escutar, aprender e crescer com a juventude, pois, como diz São Bento: ‘Muitas vezes é exatamente aos mais jovens que o Senhor revela a melhor solução’ (Regra de São Bento, 3,3)”.
Ver
Para encontrar respostas adequadas para as urgências juvenis, Dom Vilsom ressaltou a importância da Igreja “ver” elementos da realidade que cerca os jovens. “É importante nos perguntarmos: Qual a realidade juvenil no regional, na diocese, na paróquia, na comunidade onde vivemos? Como acompanhar estes jovens em seu dia a dia, em seu discernimento vocacional, em seu projeto de vida? Para isso, é preciso ouvir, conhecer os desafios do mundo juvenil e perguntar: quais as oportunidades que isto possibilita?”, indagou.
Na carta, o bispo traçou, por meio de dados obtidos pela CNBB, o perfil dos jovens brasileiros. Segundo pesquisa, jovens de 15 a 29 anos ocupam, hoje, um quarto da população do Brasil. Outro levantamento aponta os jovens estão adiando a entrada no mercado de trabalho e dedicando maior tempo aos estudos e ingresso nas universidades.
Ouvir
Após a constatação da realidade juvenil, Dom Vilsom reforçou a importância de “ouvir” o jovem, ação praticada pela CNBB por meio das respostas aos questionários enviados para dioceses do Brasil, em preparação ao Sínodo dos Bispos, e que contatou os desafios vividos por eles. “A juventude vive um clima de incerteza, de falta de clareza por onde caminhar. A combinação entre a elevada complexidade do contexto social e sua rápida mudança gera uma situação de fluidez e incertezas; a presença de diversas tradições religiosas que não dialogam entre si; adultos que tendem a subestimar as potencialidades dos jovens, evidenciando suas fragilidades e criando dificuldade de compreender as suas exigências”, comentou.
Diante dos vários desafios sociais, familiares, estruturais, religiosos e morais encontrados pelos jovens brasileiros, o bispo reforçou a necessidade de fazer do desafio, uma oportunidade. “Ao olharmos para todos estes desafios e possibilidades do mundo juvenil, diante dos desafios, queremos estender a mão ao jovem machucado, doente, desesperançado, e dizer como Jesus: ‘Jovem eu te ordeno, levanta-te’ (Lc 7,14)”, suscitou. Para acompanhar a juventude em seu discernimento vocacional e em sua vida e missão, Dom Vilson reforça a necessidade do “caminhar”.
“Caminhar na frente para indicar caminhos, caminhar no meio para que descubram caminhos, caminhar atrás para que ninguém se perca no caminho. Isto exige de nós conversão. Conversão pessoal… conversão pastoral, para caminhar com os jovens, queremos estar abertos à conversão, à mudança de vida”, comentou o bispo.
Sair
Para o presidente da Comissão para a Juventude, ouvir os jovens, seus gritos e esperanças, e ajudá-los a escutar a voz de Deus e da Igreja deve ter por consequência o chamado a “sair”. As experiências missionárias são, de acordo com o bispo, um caminho antigo e novo de falar ao coração, à generosidade e ao desejo de solidariedade dos jovens. É na experiência missionária que o jovem encontra espaço real, segundo Dom Vilsom, para exercer o protagonismo, a liderança e também para abrir os olhos para as realidades mais sofridas, de dor e exclusão, e se decidir a ‘sair do sofá’ e ser sal e luz, fermento na massa.
“No Brasil, vamos encontrar diferentes experiências missionárias, que provocam crescimento humano e cristão aos jovens; que despertam vocações para o matrimônio, vida sacerdotal, vida religiosa e consagrada; que geram homens e mulheres mais conscientes e comprometidos com uma igreja em saída e uma sociedade mais justa”, contou Dom Vilsom sobre os projetos da Igreja no Brasil.
Além das experiências missionárias, o bispo reforçou a importância do envolvimento jovem com a natureza, com o cuidado do presente e do futuro do planeta, na participação de políticas públicas do país, na formação de redes de amigos, no convívio com as diferenças e no uso inteligente e prudente da internet.
Fonte: Notícias CN