Ao celebrarmos a solenidade da Sagrada Família, queremos estar em comunhão com todas as nossas famílias, desejando que a família de Jesus, Maria e José, imagem modelo de toda família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida. E que Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda do Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.
O papa Paulo VI, quando de sua visita à Terra Santa, recordou em Nazaré o que é a “família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável. Aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é a sua função primária no plano social” (5 de janeiro de 1964).
O papa Bento XVI, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2012, ilumina, porém, a dura realidade hodierna: “Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se veem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura de um adequado sustentamento, se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.”
Diante da dura realidade e o exemplo da Família de Nazaré, nós somos chamados a dar respostas concretas para a nossa sociedade. A Sagrada Família de Nazaré revela a todos o sentido real e verdadeiro de seus valores, a fim de que todas as famílias, de modo amplo, pudessem perceber a necessidade de buscar, ao longo da vida, a intensidade profunda de uma vida santa no contexto da composição familiar e da educação dos filhos, fazendo valer a própria indissolubilidade do Sacramento do Matrimônio.
O Beato João Paulo II, na Carta dirigida à Família por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve: “A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja.
Na missa celebrada por ocasião do II Encontro Mundial das Famílias, em nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 1997, disse com propriedade atualíssima: “Pais e famílias do mundo inteiro, deixai que vo-lo diga: Deus vos chama à santidade! Ele mesmo escolheu-nos “por Jesus Cristo, antes da criação do mundo – nos diz S. Paulo – para que sejamos santos na sua presença” (Ef 1,4). Ele vos ama loucamente, Ele deseja a vossa felicidade, mas quer que saibais conjugar sempre a fidelidade com a felicidade, pois não pode haver uma sem a outra. Não deixeis que a mentalidade hedonista, a ambição e o egoísmo entrem nos vossos lares. Sede generosos com Deus. Não poderia deixar de recordar, mais uma vez, que a família está ao «serviço da Igreja e da sociedade no seu ser e agir, enquanto comunidade íntima de vida e de amor» (FC, 50). A mútua doação abençoada por Deus, perpassada de fé, esperança e caridade, permitirá alcançar a perfeição e a mútua santificação de cada um dos esposos. Servirá, em outras palavras, como núcleo santificador da própria família e de expansão da obra de evangelização de todo o lar cristão.”
O Papa, no Rio de Janeiro, manifestou a grande tarefa que cabe à família: “Queridos irmãos e irmãs, que grande tarefa tendes por diante! Sede portadores de paz e de alegria no seio do lar; a graça eleva e aperfeiçoa o amor, e com ele vos concede as virtudes familiares indispensáveis da humildade, do espírito de serviço e de sacrifício, do afeto paterno e filial, do respeito e da mútua compreensão. E, como o bem é por si mesmo difusivo, faço votos também de que a vossa adesão à pastoral familiar seja, na medida das vossas possibilidades, um incentivo a irradiar generosamente o dom que está em vós, primeiramente entre os filhos, depois àqueles casais – talvez parentes e amigos – que estão afastados de Deus ou passam por momentos de incompreensão ou de desconfiança… convido todos os que me ouvem a este revigoramento da fé e do testemunho de cristãos, a fim de que, com a graça de Deus, haja uma verdadeira conversão e renovamento pessoal no seio das famílias de todo o mundo (cf. TMA, 42). Que o espírito da Sagrada Família de Nazaré reine em todos os lares cristãos!”.
Em síntese, a Família Sagrada de Nazaré é o grande modelo de amor, obediência, harmonia e virtude que deve ser seguido por todos os componentes de todas as famílias que povoam o mundo criado por Deus. “A família é a célula da sociedade” e, justamente por isso, a mesma precisa estar bem alicerçada nos valores que dão sentido à família como comunidade de vida no amor dado pelo próprio Deus.
Fonte: Dom Orani João Tempesta
QUE DEUS PROTEJA TODOS NÒS, AMÈM