O Cardeal Jean Louis Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e encarregado de anunciar ao mundo em 2013 a eleição do Papa Francisco, afirmou que o Pontífice poderia cumprir o sonho de São João Paulo II de chegar a Moscou.
Em sua visita a Espanha há alguns dias o Cardeal disse ao Grupo ACI que atualmente não há nenhum projeto para que o Papa visite Moscou ou Pequim, mas assegurou que caso aconteça “seria uma viagem histórica”.
“João Paulo II sonhava em ir a Moscou e de repente Francisco consiga ir”, ressaltou o Cardeal Tauran.
Um dos passos que permitiu a aproximação do Papa com a Rússia foi seu encontro em Cuba com o Patriarca Ortodoxo Kirill, no qual assinaram uma declaração conjunta.
“Este encontro dos primados da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa Russa, preparado faz tempo, será o primeiro na história e marcará uma etapa importante nas relações entre as duas igrejas”, assinalou a Santa Sé antes da realização do evento no aeroporto de Havana.
A religião e os fundamentalismos
O Cardeal Tauran também falou com o Grupo ACI a respeito da importância de combater as correntes fundamentalistas de qualquer religião com a educação pois, segundo precisa, “a grande maioria dos problemas surgem devido à ignorância”.
“Não podemos dizer que os conflitos atuais tenham sua origem na religião. Pelo contrário, a religião faz parte da solução a esses conflitos”, disse e sublinhou que “não podemos compreender o mundo de hoje sem ter em conta a religião”.
“Esse é o erro de alguns países europeus, que afirmam que a religião é algo privado. Sim, privado, mas também faz parte da sociedade”, assegurou.
O Cardeal ressaltou a importância de que “os crentes se unam para sublinhar que ‘não só de pão vive o homem’, mas também de sua relação com o transcendente, cada um em sua própria religião. E não devemos ver quem professa uma religião diferente da minha como um inimigo, mas sim como um peregrino à Verdade, assim como eu”.
A ternura: marca registrada do pontificado de Francisco
Para o Cardeal Tauran, um dos principais temas do pontificado do Papa Francisco é mostrar “a ternura de Deus” ao mundo, “um Deus que acaricia o homem”.
“Disto se desprende um grande otimismo para o homem, pois apesar dos seus erros, Deus sempre o espera. Por isso, não há nenhum caso que seja desesperado porque sempre existe a possibilidade do perdão, do arrependimento, de voltar para Deus que nos espera”, indicou ao Grupo ACI.
Nesse sentido, o Cardeal destacou como o Papa Francisco mostra a “proximidade de Deus em nossa vida”.
“A pessoas vinham para ver João Paulo II, depois vinham para escutar a Bento XVI, porque é um grandíssimo teólogo, e agora vem tocar o Papa Francisco, porque é alguém muito próximo, até deixa que o toquem”, afirmou.
Recordando o momento no qual teve que anunciar ao mundo a eleição do Papa, o Cardeal Tauran disse que “foi uma surpresa divina. Quando caminhava pela galeria, antes de sair ao balcão para dar o anúncio, pensava em como seria a reação das pessoas”.
“Quando o Papa chegou e saudou com seu ‘buona sera’ foi uma conexão instantânea entre a multidão, quase de maneira material, quase divino”, concluiu.
Fonte: ACI Digital