A Pontifícia Academia para a Vida se reúne no Vaticano de 25 a 27 de junho para sua 24ª Assembleia Geral. Nesta segunda-feira, 25, os participantes foram recebidos pelo Papa Francisco, que em seu discurso propôs uma visão global da bioética e ressaltou a necessidade de atentar para o destino último da vida humana.
A Assembleia discute o tema da vida humana situando-o no amplo contexto do mundo globalizado atual. O tema da reunião é “Equal beginnings. But then? A global responsibility ” (“Inícios iguais. Mas e então? Uma responsabilidade global” – em tradução livre). Francisco recordou a necessidade de considerar, na perspectiva da “ecologia humana”, a qualidade ética e espiritual da vida em todas as suas fases: desde a concepção, passando pela velhice e chegando à vida eterna. “Existe uma vida que é família e comunidade, uma vida que é invocação e esperança. Bem como existe a vida humana frágil e doente, a vida ferida, ofendida, abatida, marginalizada, descartada. É sempre vida humana”.
Entrando na visão global da bioética, Francisco destacou que essa bioética não se moverá a partir da doença e da morte para decidir o sentido da vida e definir o valor da pessoa, mas sim pela convicção da irrevogável dignidade da pessoa humana. Em primeiro lugar, trata-se de uma modalidade específica para desenvolver a ecologia integral que é própria da Encíclica Laudato sì. Ou seja, envolve temas como a relação entre os pobres e a fragilidade do planeta, outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura e o sentido humano da ecologia.
“Em segundo lugar, em uma visão holística da pessoa, trata-se de articular com sempre maior clareza todas as ligações e diferenças concretas em que habita a universal condição humana e que nos envolvem a partir do nosso corpo”, disse o Papa.
Ainda segundo Francisco, é necessário um meticuloso discernimento das complexas diferenças fundamentais da vida humana: homem e mulher, paternidade e maternidade, bem como de todas as diversas idades da vida. A bioética global requer, portanto, a sabedoria de um profundo e objetivo discernimento do valor da vida pessoal e comunitária, que deve ser protegido e promovido mesmo nas condições mais difíceis.
Por fim, o Papa destacou que a cultura da vida deve sempre mais dirigir o olhar para o destino último da vida humana. “Trata-se de colocar à luz com maior clareza àquilo que orienta a existência do homem rumo a um horizonte que o supera: cada pessoa é gratuitamente chamada ‘à comunhão com o próprio Deus em qualidade de filho e a participar da sua própria felicidade (…) É preciso interrogar-se mais a fundo sobre o destino último da vida, capaz de restituir dignidade e sentido ao mistério das suas afeições mais profundas e mais sagradas”.
Fonte: Canção Nova.