A perita argentina em Direito da Família e Direito Sucessório da Universidade Católica de Buenos Aires, Ursula Basset, em declarações dadas no vaticano disse que aposta pela unidade familiar para reconstruir a malha social e superar a “era da solidão” que o mundo atravessa.
A perita compartilhou as suas inquietações no Congresso Internacional “Humanum”, uma iniciativa promovida pela Congregação para a Doutrina da Fé e dedicada à complementariedade entre o homem e a mulher realizado no Vaticano entre os dias 17 e 19 de novembro, reunindo líderes de diversas religiões e acadêmicos de todo o mundo.
“Vivemos em uma era da solidão e dos sofrimentos enormes, e esta ideia que impera neste século, da autonomia, da individualidade gerou ainda mais solidão, precisamos voltar a tecer os vínculos sociais através de uma família, e para isso precisamos integrar o ‘passado’ através dos ancestrais, os avós, os tataravós; o ‘futuro’, através dos filhos, dos netos, e isso só é possível através da complementariedade sexual de uniões que sejam estáveis no matrimônio”, explicou Basset em declarações ao Grupo ACI/EWTN Notícias em 18 de novembro no Vaticano.
A perita dirige em Buenos Aires um Centro de Pesquisas em Direito Familiar onde “tratamos de ver o rosto das pessoas que sofrem e acompanha-las a partir do direito com soluções jurídicas que sejam acordes a sua situação”.
“Inquietam-me as mudanças de paradigmas que se apresentam no âmbito da aliança do matrimônio, das uniões semelhantes, e da filiação. Pela primeira vez na história, como consequência da separação produzida entre a aliança e a filiação através das técnicas contraceptivas que criaram dois mundos totalmente diversos. Por um lado o mundo dos adultos e sua esfera de autodeterminação e por outro lado a ideia da filiação, totalmente separada da aliança, porque antes a união implicava a possibilidade de um filho. Hoje as crianças estão exiladas da esfera do amor adulto e isso é uma grande perda do ponto de vista social”, destacou.
Basset considera que o principal problema nasce da instabilidade dos casais e do isolamento entre pais e filhos. “A filiação se constrói a partir do matrimônio. Da mãe pelo parto, e com o parto a paternidade por presunções. Quebrado este esquema, as crianças ficaram soltas no direito, girando. Se a isso se acrescentam as técnicas de procriação assistida, hoje em dia as crianças são crianças sem pais, porque são geradas sem o intercâmbio físico afetivo e presencial dos pais, são desprovidas dos pais pela instabilidade dos casais onde os filhos ficam flutuantes entre dois adultos que a sua vez refazem suas vidas, e onde a referência materna e paterna cada vez desaparece mais”, concluiu.
Basset compartilhou esta reflexão no congresso que reuniu mais de 350 peritos para aprofundar sobre o destino da humanidade e sobre o sentido do matrimônio, e que foi inaugurado pelo Papa Francisco na segunda-feira passada.
As reuniões terminaram com a intervenção do Arcebispo da Filadélfia (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, próximo anfitrião do Encontro Mundial das Famílias que se celebrará nesta cidade em setembro de 2015 e no qual participará o Pontífice argentino.
Fonte: ACI Digital