“Lavamos a alma”: assim a Superiora da Congregação das Irmãs da Divina Providência, Ir. Márian Ambrósio, comentou a audiência que o Papa Francisco concedeu na quinta-feira (12/05) às participantes da XX Assembleia Plenária da União das Superioras Gerais (UISG).
Em entrevista ao Programa Brasileiro, Ir. Márian esclareceu a questão envolvendo o diaconato feminino e lamentou que este foi o único aspecto ressaltado pela imprensa. Para ela, outro tema relevante foi o da “servidão” da mulher na Igreja.
“Foram 90 minutos sorrindo e conversando com a gente, muito humilde, porque os temas eram muito incisivos. E com uma transparência enorme, pois mais de uma vez ele repetiu que precisava estudar. A pessoa dele ontem é que marcou o evento: com as mãos vazias, com o sorriso nos lábios, ele não se deixou pressionar. Este é o meu primeiro destaque.
Decisão
O segundo é que eram três blocos de questões, mas a imprensa começou a focar num único tema. O primeiro foco era o papel da mulher na Igreja, da mulher em geral, da vida religiosa feminina. Ele foi soberano, não alimentou falsas esperanças. Nenhuma das perguntas era sobre ordenação sacerdotal, mas sobre poder de decisão, sobre a influência que a mulher pode ter na hora de decidir, já que a mulher é considerada até hoje a executora do que os homens decidem. Isso ocupou bastante tempo do diálogo com o Papa e ele reconheceu e indicou sinais de que isso está mudando. Mas ele disse que esta é uma porta aberta imensa. É por isso que temos que lutar e isso não implica na ordenação. Ele é bem claro.
Diaconato
Dentro deste bloco do lugar da mulher, houve a pergunta bem formulada de que na Igreja primitiva já existia mulheres diaconisas permanentes e por que hoje se segura isso. E foi bonita a sugestão da pessoa que representava o grupo, pedindo a ele que formasse uma comissão de estudos. O Papa não respondeu que vai ser possível ordenar mulheres diaconisas. Esta é uma coisa que a imprensa está divulgando como se o Papa tivesse aberto esta porta. Ele disse tão bonito que tinha que estudar isso, contou para nós até onde ele tinha conhecimento no que consistia o diaconato feminino na Igreja feminina, de ajudar a batizar, discorreu muito, citou professores, mas disse que isso tem que ser estudado. Esta comissão vai ser formada; ele prometeu. Mas ele focava sempre para estudar no que consistia este diaconato na igreja primitiva. Porque esta era a justificativa que nós apresentávamos: por que não pode existir hoje de novo? Foi muito interessante.
Servidão
Mas teve sim outros assuntos, ele é muito específico quando pede para a gente que saia do lugar da servidão. Ele usou uma expressão – falava em italiano – “servizio” e “servitù” (serviço e servidão). Nós compreendemos bem o recado. Nós ainda ocupamos um lugar de servidão dentro da Igreja. Nós cozinhamos para o padre, nós lavamos a roupa do padre, nós fazemos aquilo que os padres não querem fazer. Este não é o lugar da mulher. A mulher é especialista em comunhão dentro da Igreja, ela exerce um serviço apostólico infinitamente grande. A mulher é a professora do padre, é formadora de opinião da vida do clero, é formadora de opinião do Papa, pois ele escuta as mulheres. Então ele disse que isso é serviço nosso. Temos que erguer a cabeça e ocupar este lugar servidor. Não como serviçais. Foi muito bom. Lavamos a alma.
Fonte: Rádio Vaticano