Ontem, em Aparecida (SP), durante o Encontro Nacional dos Responsáveis Adultos pela Evangelização da Juventude, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a letra cifrada e a teologia do hino da JMJ em português.
A tradução e adaptação do polonês para o português ficou sob a responsabilidade dos padres Zezinho e Joãozinho e do jovem Jonas Rodrigues, da Diocese de Mogi das Cruzes (SP), após aprovação da CNBB para esta elaboração da versão em língua portuguesa.
Padre Joãozinho comenta que a tradução se manteve fiel ao polonês mas que há o “toque latino”: “A compaixão, aqui na América Latina, já foi traduzida em termos de ‘libertação’. Há aí uma ‘teologia da solidariedade’, que foi marcante na vida e magistério de João Paulo II e, agora, renasce, no magistério de Francisco, com o nome de ‘misericórdia’”, explica.
“Eu acho que, com essa canção, os jovens vão ter uma motivação muito grande para uma catequese do acolher o outro e esquecer um pouco de si”, enfatiza padre Zezinho ao se referir ao tema da JMJ – “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt5,7) – e que orienta, portanto, a letra do hino. Ainda segundo o sacerdote e grande nome da música católica no Brasil, esta será uma oportunidade da juventude olhar para aqueles que não tem nada, mas somente Deus para olhar por eles.
“Os jovens e as famílias vão ter que assumir essa compaixão porque, caso contrário, não haverá nenhuma política que possa mudar o mundo”, afirma.
Ao mencionar os países onde ocorrem grandes perseguições aos cristãos, padre Zezinho enfatiza ali um sinal de esperança: “Exatamente lá onde estão martirizando os cristãos e ‘cortando em pedaços’ é que o cristianismo vai renascer, justamente por causa da misericórdia”.
Padre Joãozinho orienta ainda que diferentes arranjos do hino podem ser feitos, de acordo com os ritmos próprios de cada região do país, contanto que não saia da essência. “Inculture esse hino, mas sem sair dessa questão da compaixão”, recomenda.
De Mogi das Cruzes para a universalidade da Igreja. Literalmente, esta é a história da tradução em português do hino. Sem a menor pretensão de se tornar autor da versão oficial em língua portuguesa, Jonas aprendeu a cantar o hino em polonês, mesmo sem saber o idioma. Após isso, traduziu por conta própria apenas porque desejava fazer uma experiência com a letra e o tema da Jornada de 2016. Ele comenta que, no máximo, pensou em gravar no celular e enviar aos seus amigos e familiares. Por não saber o idioma da Polônia, contou com a ajuda de tradutores de internet e de uma versão em inglês feita por uma polonesa.
Jonas conta que sua primeira experiência com JMJ foi em Madri, no ano de 2011 e, na edição do Rio de Janeiro, em 2013, participou como voluntário. E o anseio de contribuir, de algum modo com a edição da Polônia, ainda ficou em seu coração: “A Jornada tem um significado muito grande para mim. Não tem como explicar o que é vivenciar uma JMJ. Só viver. E eu quis fazer meu algo a mais para 2016, mesmo sem imaginar que aconteceria tudo isso”.
Ainda de forma despretensiosa, Jonas enviou a letra a padre Joãozinho, tendo em vista que o sacerdote foi o responsável por diversas traduções de hinos das JMJ. Foi aí que este respondeu que seriam necessárias ainda algumas modificações, pois uma tradução é algo complexo que requer não fugir da essência e métrica do original, mas, ao mesmo tempo, pode se adaptar à realidade local. Em seguida, a tarefa foi enviar para aprovação da CNBB, à qual já cabia a elaboração do hino, em acordo com o Pontifício Conselho para os Leigos, o dicastério romano responsável pela organização geral das JMJs.
De acordo com o assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, padre Antonio Ramos do Prado, esta versão será a oficial para todos os países de língua portuguesa, conforme as orientações do Pontifício Conselho para os Leigos.
Gravação
No último dia 30 de julho, nos estúdios da Gravadora Paulinas/Comep, em São Paulo (SP) diversos nomes da música católica se reuniram para a gravação do hino em português. Padre Joãozinho foi o responsável pela produção artística e musical e Jonas, que também é cantor e atua na Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Mogi das Cruzes, também participou cantando a versão oficial.
Confira a ficha técnica:
Cantores: Fátima Souza, Walmir Alencar (Adoração e Vida), Thiago Costa, Lucimare Nascimento, Milton Fortes, Jake Souza (Vida e Comunhão), Rodrigo Pires (Adoração e Vida), Jonas Rodrigues, Fr. Bruno André, scj, Fr. Otávio da Silva, scj, Fr. Márcio Arantes Jr, scj, Fr. Eduardo Pugliesi, scj, Fr. Henrique Nascimento, scj, Fr. Eduardo Fonseca, scj, Grupo Chamas, Marília Mello, Jô D’Melo (Vida e Comunhão), Jake Trevisan, Simone Medeiros, Grupo Ir ao Povo, Bruna Farias, Cidinha Moraes (Vida Reluz), Felipe Souza (Vida Reluz).
Produção artística e musical: Pe. Joãozinho, scj
Adaptação musical e teclados: Maestro Luiz A. Karam
Bateria e percussão: Juninho Freire
Baixo: Adriano Reis
Violão e guitarra: Maercio Lopes
Violino: Alexandre Pinatto e Matheus Pereira
Viola: Digão
Violoncelo: Rafael Frazzato
Fonte: CN Notícias