O Papa Francisco recebeu em audiência, ontem, 11, na Aula Paulo VI do Vaticano, os cerca de 4000 participantes ao Jubileu das pessoas socialmente excluídas. Após ter escutado as palavras proferidas pelos testemunhos, o Papa, falando a braços, recordou aos presentes que a “pobreza está no coração do Evangelho; só quem sente que lhe falta algo olha para cima e sonha alto; quem tudo tem não pode sonhar; as pessoas seguiam Jesus porque sonhavam que ele ia curá-los e libertar-lhes dos males de que sofriam: eram homens e mulheres com paixão e sonhos; esses eram as pessoas que seguiam Jesus. Por isso, acrescentou o Papa, eu vos peço hoje : ensinem a todos nós que temos um teto por onde dormir, que não nos falta comida ou medicamentos, ensinem-nos a nunca nos sentirmos satisfeitos, a perder a capacidade de sonhar; mediante os vossos sonhos ensinem-nos a sonhar a partir do Evangelho, vós que estais no coração do Evangelho”
Chamando atenção para a dignidade dos pobre, Francisco recordou aos presentes que “pobres sim mas não servis” e isso é dignidade, a mesma dignidade que tinha Jesus que nasceu e viveu na pobreza; pobres sim, dominados não; pobres sim, explorados não; pobres sim, escravos não; a pobreza está no coração do Evangelho para ser vivida, a escravidão não está no Evangelho para ser vivida mas sim, para ser libertada, salientou o Santo Padre.
Outro ensinamento que segundo o Papa Francisco nos vem dos pobre, é a noção da solidariedade: ser solidário com o mundo, saber ajudar, dar uma mão a quem está sofrendo mais do nós. A capacidade de ser solidário, acrescentou, é um dos maiores frutos que nos dá a pobreza: quando alguém tem muita riqueza, esquece quase sempre de ser solidário, porque está habituado ao facto que nunca lhe faltou nada. Quando pelo contrário, se experimenta a dor da pobreza, se aprende mais facilmente a ser solidário com quem necessita, com quem sofre muito mais do que nós. Obrigado, disse Francisco dirigindo-se os excluídos do nosso sistema-mundo presentes na Aula Paulo VI, “por esse vosso exemplo que nos dais e que nos ensina tanto: vós ensinais o sentido da solidariedade ao mundo”.
Outro aspecto invocado pelos testemunhos, foi a questão da paz. A este propósito, o Santo Padre fazendo própria as inquietações expressas sublinhou o seguinte: “ a guerra, disse, se faz entre os ricos, para obter maior espaço, mais poder, mais dinheiro etc. É muito triste quando a guerra chega a ser feita entre os pobres. É uma coisa rara porém, pois os pobres, em virtude da sua situação de pobreza, são geralmente mais inclines a serem artesãos de paz; os pobres fazem a paz, criam a paz e sobretudo, dão exemplo de paz”.
Hoje, destacou Francisco, “temos necessidade de paz no mundo, na Igreja; todas as Igrejas, todas as religiões do mundo necessitam de criar a paz, pois todas as religiões são mensageiras da paz, mas devem sempre crescer na paz: aquela paz que brota do sofrimento do nosso coração e procura uma harmonia que nos dá dignidade”.
Finalmente, o Papa agradeceu a todos por terem vindo a visitá-lo, pelos testemunhos de vida que foram comunicados e disse, “peço-vos perdão, por todas as vezes que vos ofendi com as minhas palavras ou por não ter dito aquilo que deveria ter dito; peço-vos perdão em nome dos cristãos que não lêem o Evangelho na devida forma para encontrarem a pobreza no seu centro; peço-vos perdão por todas as vezes que os cristãos perante uma pessoa pobre, ou perante uma situação de pobreza viraram o rosto para o outro lado; perdão! O vosso perdão aos homens e mulheres da Igreja que nunca vos quiseram encontrar é uma água benta para nós, é limpeza para nós, é ajudar-nos a voltar a acreditar que no coração do Evangelho está a pobreza como a grande mensagem e que todos nós, cristãos, católicos, temos construir uma Igreja pobre para os pobres; e que cada homem e mulher tem que ver em cada pobre, a mensagem de Deus que se fez pobre para nos acompanhar na vida. Que Deus vos abençoe.
Fonte: Rádio Vaticano