Às vezes nos esquecemos e acusamos Deus de todas as nossas desgraças, dos desejos frustrados, dos planos que não se tornaram realidade. Das nossas fraquezas e limitações. Jogamos na cara dele a nossa falta de sorte. O destino cruel. A doença e a morte, a perda e o esquecimento.
E, ao mesmo tempo, quando experimentamos nosso pecado, quando nos fechamos ao seu amor, à sua companhia, achamos que Ele já não vai querer mais caminhar ao nosso lado. Não conseguimos acreditar totalmente em sua misericórdia.
Pensamos como os homens, mas não como Deus. Vemos um Deus justo que nos castigará por não ter feito o que era correto, por termos nos confundido, por termos fugido. Pensamos que não somos dignos do seu amor e acreditamos que Deus se esqueceu para sempre de nós. Então, nos acusamos e condenamos.
Mas Deus simplesmente continua esperando, abraçando nossa vida, sustentando nossas decisões. O “sim” e o “não” são parte do caminho, assim como o erro e o acerto. Deus se mostra vulnerável. Aguarda, ama.
Li há alguns dias: “Deus quer e decide mostrar-se vulnerável, terno e sensível diante do nosso sofrimento, nossa rebelião e, em especial, do nosso amor ou desamor”.
É um amor que espera e não se cansa de esperar. Espera o momento da decisão importante da nossa vida, no qual duvidamos.
O que Deus realmente nos pede? O que quer de nós? Por que aguarda tanto tempo, impotente, diante da nossa liberdade? Por que não nos diz com mais clareza o que Ele quer, como e quando o quer?
Surgem dúvidas. O céu aberto. O mar diante dos nossos olhos. Caminhos novos e antigos. Pegadas e solidão. Duvidamos. Gostaríamos de não duvidar jamais, não ter de nos preocupar diante de um futuro incerto. Decidir quase por instinto. Ou que alguém decida por nós.
Mas este não é o caminho. O caminho é aquele descrito por uma pessoa em sua oração:
“Senhor, tu és capaz de transformar um ‘não’ em um ‘sim’, uma ausência em um caminho de amor e de felicidade. Tu sabes tudo, tu conheces a minha vontade de seguir os teus passos até a morte, até o céu. Ensina-me a servir, Senhor, a doar-me com simplicidade, coerência, nobreza, humildade.
Ensina-me a compreender todos também, a não pensar mal, a não criticar, a não julgar nem achar que sou melhor, a acolher todos. O que queres de mim é que eu me preocupe com as pessoas, com todas elas. O importante está escondido sempre, em silêncio, nos alicerces da alma. O importante és tu, Senhor.
Quero ver-te cada dia com os braços abertos, e colocar todas as pessoas nesse abraço. Amolece, com teu amor, o meu coração, minha vida.”
Padre Carlos Padilla
Fonte: Aleteia