Uma decisão que “atinge a credibilidade da Suíça no mundo”, porque dá a impressão de um país “não mais pátria de uma tradição humanitária, mas atento somente a seus interesses”.
A Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal Suíça (CES) pondera desse modo o sinal verde dado estes dias pelo Conselho federal helvécio à exportação de material bélico também a vários países do Golfo Pérsico, de diferentes modos implicados no conflito em andamento no Iêmen, que até então já custou a vida de mais de seis mil pessoas.
Entre os beneficiários encontra-se a Arábia Saudita, à frente da coalizão sunita contra os rebeldes xiitas Houti, que receberá peças de substituição para seu sistema de defesa antiaérea e munições.
Não se constrói a paz exportando armas
Num comunicado difundido ontem (29/04), a referida Comissão recorda que “a paz não pode ser construída fazendo a guerra e promovendo a indústria bélica”, e observa que o argumento de que também outros países fornecem armas não pode ser defendido eticamente: “O fato de outros agirem de modo imoral, não justifica nosso agir”.
Além disso, fornecer material bélico a países em guerra agrava conflitos “cujas consequências recairão também sobre nós”.
A defesa da indústria nacional não justifica toda e qualquer conduta econômica
“Para a ética cristã a defesa da indústria nacional, ou o temor de uma queda das exportações, não pode justificar toda e qualquer conduta econômica. Um comércio baseado nos valores cristãos e conduzido pela política busca o bem comum, a solidariedade como opção pelos pobres e marginalizados no mundo inteiro e o compromisso a construir a paz e a trabalhar pela redução dos armamentos”, ressalta, em conclusão, o comunicado da Comissão Justiça e paz dos bispos helvécios.
Fonte: Rádio Vaticano