Após o anúncio da abertura do Arquivo Secreto Vaticano sobre o Papa Pio XII, foram divulgadas as cifras da quantidade de documentação que estará disponível para pesquisadores a partir de março 2020.
Dom Sergio Pagano, Prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, disse em um artigo publicado em L’Osservatore Romano que os documentos que estarão disponíveis são referentes a Pio XII, a Cúria do Vaticano e as representações pontifícias de 1939 a 1958.
O Prefeito recorda que, em 2004, São João Paulo II já tinha disponibilizado aos pesquisadores documentos do Serviço Vaticano de Informações sobre os prisioneiros de guerra (1939-1947) do Arquivo Vaticano “composto por 2.349 unidades de arquivo, divididas em 556 envelopes, 108 registros e 1.685 caixas de documentos, com um arquivamento em ordem alfabética, o que equivale a cerca de 2 milhões e 100 mil fichários nominativos, relativos aos militares e aos civis prisioneiros, dispersos ou internados, dos quais se estavam procurando notícias”.
Esse arquivo, afirmou, “foi investigado de imediato e ainda hoje é muito solicitado por parte de estudiosos privados ou de parentes dos prisioneiros mortos”.
No entanto, a abertura dos arquivos do pontificado de Pio XII é um processo que começou em 2006, quando os documentos do pontificado do seu predecessor, Pio XI foram abertos.
Assim, em março de 2020 estarão disponíveis os documentos que vão de 1939 a 1958 do “Arquivo Secreto Vaticano, o Arquivo Histórico da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, o Arquivo Histórico da Congregação para a Doutrina da Fé, o Arquivo Histórico da Congregação para a Evangelização dos Povos, o Arquivo Histórico da Congregação para as Igrejas Orientais, os Arquivos da Fábrica de São Pedro e, segundo modalidades e formas e diferentes de acesso, também outros Arquivos Históricos de Congregações, Dicastérios, Escritórios e Tribunais, a critério de seus relativos superiores”.
Com tudo isso, indica Dom Pagano, cerca de 151.000 posições da Secretaria de Estado estarão disponíveis. Cada uma dessas “posições” é um arquivo composto por dezenas de folhas.
O Prefeito explica que foram preparadas descrições computadorizadas desta documentação, que também estão disponíveis em papel: 68 volumes de índices no total.
Do mesmo modo, serão disponibilizados os chamados “envelopes separados”, 538 no total, contendo documentos sobre temas ou instituições individuais, sempre organizadas pela Secretaria de Estado, “dos quais será feita uma lista descritiva precisa”.
Também estarão disponíveis “as 76 unidades chamadas agora Cartas Pio XII, conterão manuscritos de Eugenio Pacelli antes do pontificado e durante o pontificado, assim como os textos de seus muitos discursos, às vezes com correções autógrafas”.
Além disso, haverá três coleções de arquivos “especiais”. O primeiro é o da Comissão de Socorro, o segundo é chamado de “Beneficência Pontifícia” e o terceiro é o do Escritório de Migração, criado para enfrentar o problema da repatriação de vários prisioneiros e refugiados, bem como o crescente problema da migração.
Os documentos das representações pontifícias também estarão disponíveis. “De cada representação pontifícia foi preparado o inventário detalhado, guia indispensável para o pesquisador: cerca de 81 índices num total de mais de 5.100 envelopes”, indica Dom Pagano.
Esses inventários podem ser “consultados na rede intranet do Arquivo Vaticano para comodidade dos estudiosos e para facilitar a sua pesquisa em vários campos”.
Este trabalho foi possível graças ao trabalho de 20 funcionários do Arquivo durante 13 anos, além da ajuda de outros 63 colaboradores.
A pesquisa no Arquivo Secreto Vaticano, indica seu site, é “gratuita e aberta a estudiosos qualificados, que tenham interesse em realizar investigações científicas. A exigência é a posse do título de Licenciatura (cinco anos) ou de outro diploma universitário equivalente (para os eclesiásticos o diploma ou o doutorado)”.
Para acessar a documentação é necessário dirigir a solicitação ao Prefeito, indicando os motivos para a pesquisa e enviar uma “carta de apresentação de um Instituto de pesquisa histórico-cientifico acreditado ou de uma pessoa qualificada no campo da pesquisa histórica (Professor titular de cátedra universitária)”.
Deve também anexar o certificado do último título acadêmico obtido.
Fonte: ACI Digital.