Como manter o coração próximo de Cristo na preparação para o Natal? Para o padre Fernando Genú, sacerdote membro do Sodalício de Vida Cristã que trabalha na diocese de Petrópolis (RJ), é preciso fazer silêncio, escutar os “sussurros” de Deus que nos chama através do seu Espírito a refletir que o essencial do advento é reconhecer “que Cristo realmente nos humaniza, que eleva a nossa humanidade a níveis nunca imaginados”.
Padre Fernando é um jovem sacerdote que trabalha com jovens e famílias do Movimento de Vida Cristã, uma associação internacional de fiéis presente há mais de 25 anos no Brasil em cuja espiritualidade se destaca a união entre fé e vida cotidiana no apostolado. Em relação à vivência da espiritualidade do tempo do advento o sacerdote afirma que para aproveitá-lo “requer-se uma meditação das leituras propostas pela liturgia deste tempo litúrgico. A Igreja também recomenda um espírito e atitude de caridade. Lembrando-nos que Cristo é um presente de Deus para nós, o maior de todos e que, assim, entrar no espírito do Natal é mais um assunto de ‘dar’ do que de ‘receber’”.
Segundo ele, o consumismo não é o verdadeiro problema.
“Este é a consequência da falta de silêncio interior, da perda de sentido do mistério, da perda de consciência do próprio valor, da concepção de um Cristo exterior a minha vida, como uma espécie de ‘manual de conduta’ ou ‘livro de receitas’, mas não como uma Pessoa que quer dialogar comigo, em um encontro íntimo, que leva à transformação no amor”, afirmou.
Padre Genú pontuou que é necessário evitar uma espécie de “fuga pelas compras”.
“Comprar pode levar alegria às pessoas, mas não devemos colocar o nosso coração nisso! Achamos que o vazio interior que sentimos poderá preencher-se pelas coisas materiais… porém quando elas estão esvaziadas do essencial (e o essencial é Cristo), a nossa vida se converte em um vai e vem de compensações, mas nunca terminamos de ‘dar de frente’ com o profundo mistério de nossa humanidade, revelado na humildade de um berço, no gesto da condescendência de Deus que assume a nossa humanidade para redimi-la e enchê-la de sentido”, acrescentou o sacerdote.
“O essencial é que Cristo realmente nos humaniza, eleva a nossa humanidade a níveis nunca imaginados! Ao conhecimento dessa verdade segue um segundo aspecto: o assombro, a maravilha que gera no homem a contemplação da encarnação, através da qual Deus revela ao homem o seu valor para Si”.
Para ajudar os cristãos a manterem o coração fixo no que é essencial neste Tempo do Advento, Padre Fernando refletiu sobre as “Três vindas de Jesus Cristo”:
A vinda histórica
É uma preparação-memória. É “olhar para o passado” e lembrar-nos da maravilha da encarnação, através da qual Deus cumpriu as suas promessas e enviou o Messias. Faz parte dessa dimensão imprescindível da fé de contemplar os acontecimentos da nossa salvação que mostram o quanto valemos para Deus. Faz lembrar-nos que a nossa fé tem fundamento sólido, fundamento em fatos e não em teorias ou sentimentos.
A vinda futura
“É uma preparação-espera. É “olhar para o futuro” e, guiado pelas realidades anunciadas e prometidas na Sagrada Escritura, contemplar o Céu, a meta do nosso terreno peregrinar. Faz parte da dinâmica da esperança, que, apoiada sobre a fé, aguarda a realização das promessas de Deus”.
A vinda no hoje da nossa existência
“É uma preparação-acolhida. É olhar para o próprio interior, velando para que seja morada adequada para Cristo. É fazer do coração um presépio; humilde, porém limpo, ordenado. É a atualização do amor. Quando acolhemos Jesus nas nossas vidas é sinal de amor, de aprender a amar e, assim, ver realizadas as promessas de Deus na nossa vida e ‘antecipar o Céu’. No amor a fé e a esperança se realizam”.
“Passado-presente-futuro, memória-acolhida-espera, fé-esperança-caridade. Eis o tempo do Advento! Nesse sentido, a vigilância não só faz referência à vinda de Jesus no final dos tempos, mas é também estar atentos para não perder a memória da vinda no passado e colocar os meios para acolher o Senhor em nosso dia a dia. Que este tempo do Advento seja verdadeiramente um tempo de memória, espera e acolhida, de fé, esperança e caridade. Que o Senhor possa vir e encontrar sempre morada nos nossos corações, uma morada humilde, limpa e ordenada!”, motivou padre Fernando.
Fonte: ACI Digital