“Um consenso internacional para abolir a pena de morte”: o premente apelo do Papa Francisco no Angelus deste domingo (21/02) foi recebido com entusiasmo e satisfação pela Comunidade romana de Santo Egidio, que há décadas faz um trabalho excepcional em prol da abolição da pena capital no mundo e que esta segunda-feira realiza em Roma um Congresso com o tema “Por um mundo sem a pena de morte”. A Rádio Vaticano entrevistou o presidente da Comunidade, Marco Impagliazzo. Eis o que disse:
Marco Impagliazzo:- “Um apelo forte que chama em causa católicos, presidentes ou chefes de governo, homens políticos porque – como o Papa já disse no voo de retorno do México – se alguém se declara cristão, isso deve ser verificado também nas escolhas concretas. Nós, cristãos, acreditamos no Mandamento “Não matar”. Portanto, creio que este apelo do Papa realmente vai mexer com muitas consciências no mundo, a começar dos EUA. Eu me recordo muito bem, em 1986, João Paulo II, quando convocou as religiões para o encontro de Assis para rezar pela paz, pediu um dia de trégua mundial das guerras, que efetivamente se verificou. Por conseguinte, olho para este apelo do Papa com a mesma esperança.”
RV: O Papa acrescentou que na opinião pública tem sido cada vez mais difusa a contrariedade à pena de morte. Também este é um ulterior sinal de esperança…
Marco Impagliazzo:- “Exatamente, e me parece haver no discurso do Papa verdadeiramente um apelo a uma justiça que se renova, em que atos como os da vingança do Estado – representada pela pena de morte – são atos do passado. Portanto, este pronunciamento do Papa olha para o futuro e dá uma responsabilidade a todos aqueles que governam os países em que ainda vigora a pena de morte a colocar-se na idade contemporânea, na idade de hoje, em que os direitos humanos deveriam ser plenamente assegurados.”
RV: Olhando para a situação atual da pena de morte no mundo, quais são os dados mais relevantes?
Marco Impagliazzo:- “Hoje há tentativas de reintrodução da pena de morte por parte de alguns Estados, ou mesmo de sua aplicação em países que a tinham abolido de fato, porque o terrorismo e a violência difusa apresentam novos problemas. Hoje, depois da Europa, que é o primeiro Continente livre da pena de morte, graças ao trabalho da Comunidade de Santo Egidio e de outras organizações, a África está se encaminhando para ser o segundo Continente. Ademais, existe a grande evolução que começa a verificar-se em alguns Estados dos EUA, que recentemente aboliram a pena de morte. Portanto, essa evolução positiva poderia ter uma influência importante.”
Fonte: Rádio Vaticano