Seguindo o ciclo de catequeses sobre a Igreja, o Papa Francisco ressaltou que não existe cristãos a título individual, cada um por conta própria, a identidade cristã é pertença. Somos cristãos porque pertencemos à Igreja, frisou o Papa Francisco.
Após receber os doentes na Sala Paulo VI devido ao calor e a possibilidade de temporal, o Papa Francisco saiu à Praça de São Pedro repleta de fiéis para sua Audiência Geral desta Quarta-feira, a última antes do seu período de repouso pelo verão europeu.
O Papa disse em emblemática frase que a pertença à Igreja pelo batismo é um elemento indispensável, e que sela nossa identidade cristã: “É como um sobrenome: se o nome é “sou cristão”, o sobrenome é “pertenço à Igreja””.
“É muito belo notar como esta pertença é expressa também no nome que Deus atribui a si mesmo. Respondendo a Moisés, no episódio maravilhoso da “sarça ardente” (cfr Ex 3, 15), define-se, de fato, como o Deus dos pais. Não diz: Eu sou o Onipotente…, não: Eu sou o Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Deste modo, Ele se manifesta como o Deus que formou uma aliança com os nossos pais e permanece sempre fiel a ela, e nos chama para entrar nesta relação que nos precede. Esta relação de Deus com o seu povo precede a todos nós, vem daquele tempo”, explicou o Santo Padre.
O Papa Francisco destacou também o valor da fé daqueles que nos transmitiram este dom: “Ninguém se torna cristão por si mesmo! Está claro isso? Ninguém se torna cristão por si mesmo. Não se fazem cristãos em laboratório. O cristão é parte de um povo que vem de longe. O cristão pertence a um povo que se chama Igreja e esta Igreja o faz cristão, no dia do Batismo, e depois no percurso da catequese, e assim vai. Mas ninguém, ninguém se torna cristão por si mesmo. Se nós acreditamos, se sabemos rezar, se conhecemos o Senhor e podemos escutar a sua Palavra, se O sentimos próximo e O reconhecemos nos irmãos, é porque outros, antes de nós, viveram a fé e, depois, a transmitiram a nós. Neste sentido o Pontífice comparou a Igreja a uma grande família, na qual se é acolhido e se aprende a viver como cristãos e como discípulos do Senhor Jesus.
Da mesma forma, Francisco esclareceu que ser cristão não se dá “somente graças às outras pessoas, mas junto a outras pessoas”: “Na Igreja, não existe o ‘agir por si’, não existem jogadores na função de ‘líbero’. Quantas vezes, o Papa Bento descreveu a Igreja como um “nós” eclesial! Às vezes se ouve alguém dizer: “Eu acredito em Deus, acredito em Jesus, mas a Igreja não me interessa…”. Quantas vezes ouvimos isso? E isso não é certo. Há quem acredite poder ter uma relação pessoal, direta, imediata com Jesus Cristo fora da comunhão e da mediação da Igreja. São tentações perigosas e prejudiciais. São, como dizia o grande Paulo VI, dicotomias absurdas. É verdade que caminhar junto é trabalhoso e às vezes pode ser cansativo: pode acontecer que algum irmão ou alguma irmã nos dê problema, ou nos cause escândalo… Mas o Senhor confiou a sua mensagem de salvação a pessoas humanas, a todos nós, às testemunhas; e é nos nossos irmãos e nas nossas irmãs, com os seus dons e os seus limites, que vem ao nosso encontro e se faz reconhecer. E isto significa pertencer à Igreja.
“Lembrem-se bem: ser cristão significa pertencer à Igreja. O nome é “cristão”, o sobrenome é “pertença à Igreja””, repetiu o Santo Padre.
Concluindo sua catequese e antes da saudação aos peregrinos em diversas línguas, o Papa Francisco alentou: “peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, Mãe da Igreja, a graça de não cair nunca na tentação de pensar poder desfazer das pessoas, desfazer da Igreja, de podermos nos salvar sozinhos, de ser cristão de laboratório. Pelo contrário, não se pode amar Deus sem amar os irmãos, não se pode amar Deus fora da Igreja; não se pode estar em comunhão com Deus sem fazê-lo na Igreja e não podemos ser bons cristãos se não junto a todos aqueles que procuram seguir o Senhor Jesus, como um único povo, um único corpo, e isto é a Igreja”.
Fonte: ACI Digital