O conhecido autor e apresentador católico, Prof. Felipe Aquino, em um dos seus mais recentes artigos fala sobre o filme “Noé”, estrelado pelo ator Russel Crowe. No texto o pensador brasileiro conhecido pelos seus 73 livros e pregações, assinala que a obra hollywoodiana apresenta uma visão que não se coaduna com a interpretação que a Igreja dá do episódio do dilúvio e da aliança de Deus com Noé.
“Os quatro capítulos do Gênesis (6-9) narram o dilúvio bíblico e significa uma expressão do pecado que, a começar com Adão e Eva vão se alastrando cada vez mais. Esta narração contém, como pode-se notar quando se lê atentamente, repetições e contradições. Os exegetas (estudiosos da Bíblia) concluem que a narração é a fusão de dois documentos (fontes Sacerdotal P e Javista J) conservando cada qual os seus detalhes próprios, sem que o autor sagrado tivesse a preocupação de harmonizá-los entre si. Isto mostra que o autor sagrado não estava preocupado com detalhes menores, e visava sim um sentido mais profundo, uma mensagem religiosa”, explica Prof. Aquino.
Recordando ainda o fato de que nas tradições dos povos antigos há cerca de 288 histórias de dilúvio, e todas com uma base comum: há uma grande catástrofe por conta de uma grande ofensa dos homens contra a divindade. O elemento do castigo que mata os homens e os animais pode ser a água, o fogo, o terremoto, etc.
“Na Babilônia há quatro versões semelhantes de dilúvio, semelhantes ao da Bíblia. Note que Abraão foi oriundo da Mesopotâmia. Aos olhos da ciência é certo que não houve um único dilúvio universal”, afirmou o professor que também é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP.
“Quando o texto bíblico fala de “terra inteira” e “todos os homens” não fala em sentido geográfico, mas religioso, hiperbólico isto é, o gênero humano para o autor sagrado se reduzia àqueles que transmitiam os valores religiosos da humanidade”.
“A mensagem do relato do dilúvio (Gen 6-9) – prossegue o Prof. Aquino- quer mostrar o seguinte: Deus é santo e puro; Deus é justo; não pode deixar o mal imperar; Deus é clemente; convida à conversão antes de corrigir”, ressaltou Prof. Felipe.
“O dilúvio marca o fim de um período da história religiosa da humanidade e marca o início de uma nova era; é como se fosse o início de um novo mundo, onde Deus faz aliança com Noé, o “pai” da nova humanidade”.
Falando propriamente de Noé, Prof. Aquino ressalta que este “é uma imagem de Cristo”.
“Noé salvou a humanidade pelo lenho da arca, Cristo vai salvá-la pelo lenho da cruz, do dilúvio do pecado. A arca de Noé é uma figura da Igreja; assim como ninguém sobreviveu fora da arca, ninguém se salva fora da Igreja. Todos os que se salvam, mesmo que não pertençam à Igreja, se salvam por meio de Cristo e da Igreja, ainda que não saibam disso”, destaca.
“As águas do dilúvio são figura do Batismo, que pela água dá vida aos fiéis e apaga os pecados; o dilúvio, como nova criação, prefigura “os novos céus e a nova terra” (2Pe 3,5-7.10) que haverão no fim da história”.
“Como se pode ver, esta visão da Igreja nada tem a ver com a do filme de Noé”, asseverou Felipe Aquino.
Fonte: ACI Digital