Recentemente representantes do governo dos Estados Unidos se recusaram a apoiar uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que incentiva a amamentação, na Assembleia Mundial da Saúde, realizada em Genebra, na Suíça. Baseada em estudos científicos, a resolução declara que o leite materno é a opção mais saudável para os bebês. A não aceitação da resolução por parte de diplomatas americanos acabou dificultado sua aprovação e gerando um mal-estar global.
Após a investida, neste mês de julho, diversos órgãos como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgaram nota criticando a posição da delegação dos Estados Unidos na reunião da Organização Mundial da Saúde. Em entrevista ao portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e levando em consideração que agosto é considerado o mês de conscientização sobre o aleitamento materno, o Coordenador Internacional da Pastoral da Criança, Dr. Nelson Arns Neumann afirmou que essa é a ação que mais salva vidas no mundo.
Segundo Nelson, o aleitamento materno confere um fator de proteção contra vários tipos de doenças logo quando a criança nasce. “Estudos comprovam que a criança que é amamentada possui uma inteligência e um aumento de QI muito superior”. Ele aponta também para o fato de este ser um tema de preocupação recorrente do papa Francisco, que já até fez uma declaração em defesa do direito das mães de amamentarem seus filhos em lugares públicos. “O aleitamento materno é algo natural e pode e deve ser feito em público”, afirma o coordenador.
Dados apontam que em todo o mundo, apenas 38% das crianças são amamentadas. No Brasil, 41%. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta global a ser atingida até 2025 é de que pelo menos 50% dos bebês recebam o aleitamento materno até o sexto mês de vida. Por isso, uma das determinações da resolução da ONU, apresentada na Assembleia Mundial da Saúde é a de que os países devem limitar propagandas consideradas imprecisas ou enganosas sobre os efeitos de substitutos do leite materno. Para Nelson Arns, a dificuldade das organizações e empresários em aceitar a prática do aleitamento materno está em “pura e simplesmente uma questão de ganho”.
Com o intuito de incentivar o aleitamento materno e a criação de bancos de leite para melhorar a qualidade de vida das crianças, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde instituíram a semana de 1 a 7 de agosto como a Semana Mundial da Amamentação. O Congresso Nacional também instituiu, por meio de lei sancionada, o mês de agosto como o mês de aleitamento materno, que passou a ser chamado de agosto dourado. Dr. Nelson Arns considera a questão do aleitamento materno como um tema “sem sombra de dúvidas de saúde pública”.
Mortalidade Infantil
A taxa de mortalidade infantil cresceu no Brasil e acendeu outro alerta. A principal causa para o aumento do índice apontada pelo Ministério da Saúde é o surgimento do Zika vírus e a sua relação com a microcefalia, doença que teve seu auge justamente em 2016. Pela primeira vez desde 1990, o país apresentou alta na taxa: foram 14 mortes a cada mil nascidos em 2016; um aumento de 4,8% em relação a 2015, quando 13,3 mortes (a cada mil) foram registradas.
Nelson Arns avalia o fenômeno como “multifatorial”. Para ele, vários são os cenários que contribuem para a mortalidade infantil, exemplo é o cuidado com a saúde. Ele cita a falta de medicamentos, de saneamento e o aumento da prematuridade. Como gesto concreto de ação da Pastoral da Criança no combate a essa série de fatores, Nelson afirma que o organismo de ação social da CNBB realizará uma exposição no Museu da Vida, em Curitiba, que tem como foco expor a questão do saneamento básico. “Vamos convocar os presidenciáveis para debater os entraves que levam os mais pobres a não ter acesso ao saneamento básico”, diz.
A exposição, que será realizada a partir do dia 16 de agosto é só mais uma das ações que a Pastoral da Criança assume para ajudar no desenvolvimento integral das crianças e adolescentes. Este inclusive é um dos objetivos estipulados em um dos artigos de seu estatuto. Para saber mais sobre o seu trabalho, acesse: https://www.pastoraldacrianca.org.br/.
Fonte: CNBB.