Diante da recente notícia da ordenação inválida de uma mulher nos Estados Unidos e seu consequente debate nos meios de comunicação, o Referendário do Tribunal Supremo da Assinatura Apostólica e expert canonista norte-americano Edward Peters comentou que muitas pessoas desconhecem o verdadeiro sentido do documento do Beato João Paulo II que fechou definitivamente a possibilidade das ditas ordenações dentro da Igreja Católica.
A Igreja não tem poder para alterar o sacramento da Ordem a fim de admitir as mulheres ao sacerdócio,explicou o canonista.
“Cada vez que estas mulheres afirmam que possuem ordem sacerdotal pelo fato de que foi conferida a uma primeira mulher por um Bispo rebelde, evitam um ponto crucial da ‘Ordinatio sacerdotalis’ de João Paulo II”, comentou. Segundo o expert, o dito documento não trata a natureza mesmo do sacramento da Ordem, nem foi escrita sobre a natureza das mulheres. A dita Carta Apostólica, pelo contrário, “é eclesiológica (sobre a natureza da Igreja). Se se compreende isso se tem a essência do assunto”.
O que a Igreja não está autorizada a mudar
No lugar dos conteúdos que comumente se debatem, a determinação explicada na Carta Apostólica está sustentada em um argumento diferente: a Igreja “não se considera autorizada a admitir as mulheres à ordem sacerdotal”. Por este motivo o documento “não trata da Ordem, nem inclusive das mulheres: é sobre a Igreja e o que Jesus autorizou a sua Igreja a fazer”.
Peters afirmou que apesar de existir razões sacramentais ou de outra ordem que poderiam apoiar a ordenação exclusiva de varões como sacerdotes, o que se tem plena segurança e que “há obstáculos eclesiológicos para as mulheres sacerdotes. Obstáculos permanentes e insuperáveis”, afirmou.
“Penso desta maneira, se São Gabriel Arcanjo aparecer em grande esplendor sobre a Basílica de São Pedro e proclamar: ‘As mulheres são ontologicamente capazes de receber a Ordem Sacerdotal’ nenhum ponto do Ordinário mudaria”, comentou. Peters inclusive descreveu uma hipotética pergunta ao anjo depois de seu anúncio, sobre se então deveriam ordenar mulheres na Igreja, a qual o anjo responderia negativamente, já que Cristo não outorgou essa autoridade à sua Igreja.
Segundo o canonista, compreender este aspecto facilita entender o motivo pelo qual os que atuam contra esta determinação incorrem em pena de excomunhão. Neste ponto Peters evitou tratar mais profundamente deste aspecto, já que as mulheres envolvidas nas ordenações inválidas manifestaram publicamente não prestar atenção alguma às normas da Igreja nessa e em outras matérias graves.
Gaudium Press