O Papa autorizou hoje a publicação do decreto que reconhece um milagre atribuído à intercessão de D. Óscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador, onde foi morto a tiro em 1980, às mãos da junta militar que dominava o país.
A decisão, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, em comunicado, abre caminho à canonização do arcebispo, beatificado como “mártir” da fé católica a 23 de maio de 2015.
A data e local para a cerimônia de canonização vão ser decididos num próximo consistório (reunião de cardeais), no Vaticano, tal como a dos outros quatro beatos que viram reconhecidos o milagre necessário para a sua proclamação como santos, entre eles o Papa Paulo VI.
Nos três anos em que serviu as comunidades católicas da capital de El Salvador (São Salvador), o arcebispo Romero denunciou a repressão do regime militar e da violência praticada pelos esquadrões da morte.
O Papa Francisco enviou uma carta, aquando da beatificação de D. Óscar Romero, prestando homenagem a uma figura “que construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com a sua vida entregue até o fim”.
“Em tempos difíceis de convivência, D. Óscar Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com toda a Igreja. O seu ministério destacou-se pela atenção especial aos pobres e marginalizados”, escreveu.
Em 2007, durante a viagem para o Brasil, o Papa emérito Bento XVI disse aos jornalistas que D. Oscar Romero “foi certamente uma grandiosa testemunha da fé, um homem de grandes virtudes cristãs, que se comprometeu pela paz e contra a ditadura, e que foi assassinado durante a celebração da Missa”.
A comissão de teólogos da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé) reconheceu em 2015 o martírio do arcebispo, morto “por ódio à fé”.
Com canonização, um cristão é declarado santo e se alarga a sua veneração a todas as nações e congregações religiosas.
A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na catedral da capital salvadorenha, iniciou a sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996.
O processo foi então apresentado ao Vaticano, no mesmo ano, e em 1997 foi recebido por Roma o decreto por meio do qual a causa era oficialmente aceite como válida.
D. Gregorio Rosa, amigo e colaborador de D. Oscar Romero, este em Portugal em maio de 2013 e disse então à Agência ECCLESIA que o prelado foi um “mártir” que incomodou poderes, em defesa dos Direitos Humanos.
Fonte: Agência Ecclesia.