O Papa Francisco abordou os esforços do Vaticano para combater os abusos sexuais por parte do clero durante a coletiva de imprensa no voo de regresso de Fátima a Roma.
O Santo Padre também se pronunciou sobre a renúncia em março deste ano de Marie Collins, vítima de abusos por parte do clero, como membro da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores (PCPM).
“Marie Collins me explicou bem o assunto. Eu falei com ela, é uma mulher valente, mas ela seguirá trabalhando com a comissão para a formação, com sacerdotes, sobre este ponto”, disse.
“É uma mulher valente que quer trabalhar, mas fez isto porque, por alguma razão, há muitos casos atrasados que se foram empilhando aí, porque neste tempo teve que se fazer uma legislação para isto”.
“O que devem fazer os bispos diocesanos? Hoje em quase todos os casos existe um protocolo de atuação”, disse.
O Papa assinalou que “necessitamos de mais gente capaz de fazer isto, o Secretário de estado está procurando, e também Dom (Gerhard) Müller”. Precisamos, disse, “apresentar novas pessoas que possam se encarregar disto. O outro dia foram admitidos dois ou três mais”.
“Mudou-se o diretor do escritório disciplinar, que era bom, muito bom, mas estava um pouco fatigado e retornou a seu país para fazer o mesmo trabalho em seu episcopado. O novo é um irlandês, Mons. (John) Kennedy. Uma pessoa muito capaz, muito eficiente e responsável. Acredito que será de grande ajuda”.
Francisco explicou que no procedimento atual para revisar os casos de abusos os bispos enviam seus expedientes e se estiverem “bem rapidamente passa à ‘quarta feria”, que é um encontro na Congregação para a Doutrina da Fé que se realiza todas a quartas quartas-feiras de cada mês.
“Por isso se pensa em ajudas continentais, como pré-tribunais. De repente um na Colômbia, um no Brasil, como pré-tribunais, ou tribunais continentais, mas isto é um plano”, disse.
Depois do estudo na “quarta feria”, assinalou, procede-se a retirar o estado clerical do sacerdote encontrado culpado de abusos sexuais e o expediente “se devolve à diocese” onde o presbítero pode “apresentar um recurso” de apelação.
“Antes, o recurso era estudado pela própria ‘quarta feria’ que dava a sentença, e isto é injusto. Eu criei outro tribunal que tem como máxima autoridade uma pessoa indiscutível, o Arcebispo de Malta, Dom (Charles) Scicluna, que é um dos principais lutadores contra os abusos”.
O Santo Padre sublinhou que “devemos ser justos”, e assinalou que “aquele que realiza o recurso tem direito a um defensor. Se este tribunal aprovar a primeira sentença, fecha-se o caso”.
Quando isto acontece, o sacerdote ainda tem “a possibilidade de escrever uma carta ao Papa pedindo a graça. Eu jamais assinei uma graça”, assinalou Francisco referindo-se à faculdade do Sumo Pontífice de devolver o estado clerical a um sacerdote que apele diretamente a ele a sentença.
“E é assim que estão as coisas. Estamos avançando, mas estamos em caminho, mas há duas frentes acumuladas. Há cerca de 2000 casos acumulados. Em algumas coisas Marie Collins tem razão”, concluiu.
Fonte: ACI Digital